Bruno B. Soraggi e Fábio Zanini, Folhapress
Um grupo de manifestantes que horas antes havia participado de ato contra o presidente Jair Bolsonaro entrou em confronto com a Polícia Militar no início da noite deste domingo (7), na região de Pinheiros, em São Paulo.
O grupo foi dispersado pela tropa de choque da PM no momento em que o ouvidor das polícias, Eliseu Lopes, costurava um acordo com os manifestantes. Eles teriam autorização para seguir até o Hospital das Clínicas, em vez de ir até a avenida Paulista, como era a intenção inicial.
Enquanto Lopes dava entrevista explicando o acordo, a PM começou a soltar bombas de efeito moral sobre os manifestantes, concentrados na rua dos Pinheiros, em São Paulo. Houve muita correria, mas ninguém ficou ferido.
Segundo o ouvidor, uma parte dos manifestantes não aceitou o combinado e tentou tomar uma outra rota, o que não foi permitido pelos policiais.
"Um grupo de manifestantes saiu do local onde nós estávamos e foi para outro lado, para criar confusão com a polícia numa outra barreira", declarou.
A tropa de choque seguiu por duas quadras, enquanto moradores do bairro gritavam "fascista" para os policiais e jogavam ovos e pedras.
O ato ocorreu entre 14h e 16h no Largo da Batata, de onde manifestantes saíram em caminhada pelas ruas da região de Pinheiros. A manifestação foi perdendo adesão aos poucos.
Um homem que se disse representante de movimentos negros chegou a subir na mureta em frente à estação Fradique Coutinho do metrô para dizer que a participação deles no ato terminava ali.
"Quem veio aqui lutar por vidas pretas, nós vamos parar o ato, acaba agora. Vamos entrar no metrô e vamos para casa. Existe a torcida organizada que quer continuar", afirmou ele, que se identificou como Guimarães.
Durante o impasse se o ato seguiria ou não para a Paulista, manifestantes se reuniam para pichar algumas lojas e bancos da região. Alguns tentavam inflar a multidão para que o ato seguisse.
Mais à frente, a policia criou uma primeira barreira na esquina da rua dos Pinheiros com a rua Mateus Grou, que foi desfeita em seguida. Mas a manifestação logo encontrou outra barreira policial, na esquina com a rua Dr. Virgilio de Carvalho Pinto.
Ali os manifestantes ficaram impedidos de seguir novamente, agora por uma barreira de homens e blindados da Tropa de Choque.
No Largo da Batata, manifestantes ligados ao movimento negro, ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e a torcidas organizadas de times de futebol se reuniram na tarde deste domingo para uma manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro e o racismo e a favor da democracia.
Apesar de o carro de som pedir que os manifestantes se posicionem sobre essas marcas, a maioria das pessoas se agrupou em distâncias menores, enquanto entoaram gritos contra o presidente e o racismo.
Quatro policiais militares vestindo coletes com a inscrição "mediador" circularam entre os manifestantes no largo, conversando com representes dos grupos presentes na manifestação.