A Polícia Militar afastou os policiais envolvidos na morte do locutor Milton Dinho, 33 anos, que foi confundido com um bandido durante patrulhamento na Zona Norte de Sorocaba, nesta tarde de domingo (23). A informação foi divulgada por meio de uma nota oficial enviada à imprensa, no início da tarde desta segunda-feira (24).
Segundo a PM, os policiais – ainda é desconhecido quantos – ficarão afastados das atividades operacionais durante a investigação do ocorrido. Foi instaurado um inquérito policial militar que vai apurar todos os detalhes, em conjunto com a Corregedoria da Corporação.
A Polícia Militar lamentou o desfecho da ocorrência e reitera que todo resultado morte “é indesejado pela Instituição que milita diuturnamente pela preservação da vida, da integridade física e pela dignidade da pessoa humana”.
Milton Expedito Nascimento, o Milton Dinho, havia sido vítima de assalto no domingo à tarde, enquanto apresentava seu programa, o Informasom, pela Rádio Cultural FM, localizada no Parque Laranjeiras. O apresentador acionou a PM e na sequência conseguiu recuperar, por conta própria, com ajuda de seu irmão, sua moto roubada por meio de rastreador. Porém, quando retornava para casa, passou por um patrulhamento da Polícia Militar e foi atingido por disparos de arma de fogo por supostamente não ter parado durante abordagem.
Versão da PM
No boletim enviado à imprensa a PM divulgou sua versão sobre os fatos. Ela informou que na data do assalto, às 13h25, foi acionada por Milton e se dirigiu até à rádio, onde foi informada pela vítima que havia sido roubada por dois criminosos. O Ipa Online apurou que o locutor havia relatado aos policiais que os bandidos eram brancos. Milton era negro.
Por volta de 14h30, uma equipe da Força Tática da PM patrulhava pela rua Durvalino Manfio, no Jardim Santo André, quando a moto Honda NX Falcon, na cor preta, passou pelos policiais e a equipe a identificou como o veículo roubado. Nesse momento o condutor da moto, no caso, Milton – os PMs não sabiam que era ele no momento da abordagem, “ao invés de procurar a viatura, inicialmente acelerou, dando a impressão aos policiais que tentava fugir da equipe, fatos que levaram os policiais a entender que tratava-se do criminoso”, afirma o texto. A equipe policial, então, decidiu ligar as sirenes para abordar o suspeito, sendo que após breve acompanhamento o condutor da moto “bruscamente freou o veículo, levando o motorista da viatura a realizar manobra para evitar colisão”.
Após frear, o piloto, Milton, “levou a mão na cintura, fato que foi interpretado pelo policial como uma tentativa de reação de sacar uma arma, motivando os 2 disparos realizados pelo policial”, relata a polícia.
Após os disparos foi apurado pela PM que a vítima do roubo localizou onde se encontrava seu celular, segundo testemunhas, e Milton teria se deslocado, junto a seu irmão, a esse local no intuito de recuperar sua moto. Lá chegando, encontrou o veículo com a chave ainda no contato e tomou o veículo, partindo para retornar para casa sem acionar a polícia.
Ao cruzar com a viatura, “ao invés de parar e informar o ocorrido aos policiais, aumentou a velocidade e não atendeu a sinalização de parada dada pelos policiais, o que aumentou a suspeita do condutor da moto ser o autor do roubo à mão armada, ocorrido anteriormente, motivando os policiais a redobrar a segurança face ao risco de estar armado, como informado pela própria vítima aos policiais que compareceram no local do roubo”, descreve a nota policial.
O fato da morte gerou protesto pela família e amigos de Dinho, que foram ao local onde ocorreu o homicídio.
Milton foi socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) à UPH da Zona Norte, já sem vida. O velório será realizado na casa onde ele morava com os pais, no Jardim São Lourenzo, e seu sepultamento ocorre nesta terça-feira (25), às 8h30, no Cemitério Memorial Park.