O gestor da UPH da Zona Leste de Sorocaba, padre Flávio Jorge Miguel Júnior, foi entrevistado no Jornal da Ipanema, da Rádio Ipanema, nesta manhã de quarta-feira (4). Assista na íntegra abaixo.
O padre anunciou que a casamata, utilizada para tratamento contra o câncer, está pronta. O atendimento deve começar em breve. “Graças a Deus esse imbróglio terminou. Fui até o presidente da República [o então Michel Temer]. O Ministério da Saúde investiu R$ 7 milhões nela. Era uma questão burocrática. Em um mês, no máximo, inauguraremos nosso acelerador linear”, destacou.
Repasse à UPH Leste
Durante a entrevista, ele revelou que aguarda um repasse, atualmente atrasado, de R$ 2,3 milhões para a unidade de saúde. O padre disse esperar que o depósito seja feito até a próxima sexta-feira (6). O dinheiro é direcionado a pagamento de salários de médicos, enfermeiros, além da compra de insumos.
Segundo destacou, a UPH Leste é a que tem o menor custo, se comparado com as demais unidades. O padre informou ter reunido-se com a secretária de Saúde do município, Kely Schettini, porém, que ela não soube relatar quando o pagamento ocorreria, pois o assunto compete à Secretaria da Fazenda. “Não estou afirmando… Mas já saiu em toda a cidade que a fonte 1 acabou. Está zerada. Estão querendo a fonte 5. Estou preocupado com a cidade”, desabafou o gestor. A ‘fonte 5’, explicou ele, refere-se à verba proveniente do SUS (Sistema Único de Saúde) do governo federal, mas quem o libera é o município.
“Aqui não se trata de criticar governo, mas de uma situação difícil. Tenho que falar a verdade, pois não vou passar por mau gestor”, disse. Questionado sobre o que faria caso não receba os R$ 2,3 milhões até sexta, o padre respondeu: “‘to’ sem dormir algumas noites por causa disso. Tenho funcionários [para pagar]. Não quero nem pensar no que vai acontecer se chegar a esse ponto. Você não pode parar a saúde”.
Para finalizar o tema, padre Flávio destacou que falou com a prefeita Jaqueline Coutinho (PDT), nesta última terça-feira e, na oportunidade, marcou uma reunião para falar sobre o problema do atraso no repasse, no qual deve haver também participação de representantes de demais hospitais filantrópicos.
Manutenção do prédio da Santa Casa
Ainda durante sua participação, padre Flávio, que também faz a gestão da Irmandade Santa Casa Misericórdia de Sorocaba, afirmou que faltam recursos para fazer manutenção do prédio da unidade de saúde. Segundo ele, o atual projeto arquitetônico da Santa Casa está “cheio de puxadinhos”. Apesar disso, o gestor afirmou que não há riscos de a unidade ser interditada.
Neste momento, destacou ele, é feito projeto elétrico e de combate a incêndios no prédio, além de manutenção hidráulica. Ainda na entrevista, o padre criticou o fato de os banheiros não serem adaptados a pessoas com deficiência.
Apesar de receber verba proveniente do SUS (Sistema Único de Saúde) do governo federal, o padre reforça que este dinheiro é somente para custeio de atendimento entre outros serviços. Com isso, o orçamento público recebido pelo hospital não pode ser usado para manutenção e melhoria do prédio. “Não posso fazer com o dinheiro do SUS”, enfatizou.
Ainda durante a entrevista, o padre negou ter intenção de privatizar a Santa Casa. “Já fui muito criticado até por líderes sindicais. Se eu privatizasse 40% do hospital eu ‘mataria’ a população”, desabafou.