Estudos em andamento no Hospital das Clínicas (HC) da USP avaliam a relação da covid-19 com diabete. Segundo Maria Elisabeth Rossi da Silva, chefe da Unidade de Diabetes do HC e responsável pelo Laboratório de Investigação Médica (LIM) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), há uma grande relação entre a diabete e o maior risco de infecção e comprometimento mais grave da covid.
A pesquisadora explica que isso é resultado da diminuição da circulação dos glóbulos brancos e leucócitos nos locais de infecção, o que reduz a capacidade de defesa dos pacientes diabéticos. Conforme avaliações feitas no HC, indivíduos com diabete necessitaram de maior suporte terapêutico e maior frequência de diálise, intubação, traqueostomia e uso de antibióticos e antifúngicos durante a pandemia.
Maria Elisabeth também revela que a população brasileira é uma população de risco para a covid, pois mais de 9% são portadores de diabete e mais de 20% são obesos, outra condição que modifica a progressão da doença. Outros fatores são a portabilidade de doença cardiovascular, doença renal crônica, hipertensão, idade e sexo.
Diabete pós-covid
“Dos 550 pacientes que não eram diabéticos, ou pelo menos não tinham diagnóstico conhecido, 20 deles evoluíram para diabete”, revela a pesquisadora. De acordo com ela, os fatores que podem favorecer o aparecimento de diabete pós-covid são o quadro inflamatório durante a infecção, que altera a capacidade pancreática de produção de insulina, perda de massa muscular, local de armazenagem de glicose e o uso prolongado de glicocorticoides.