O infectologista Otelo Rigato Júnior afirmou "que o Brasil vai na contramão" do combate à pandemia, se comparado a outros países. Entre os principais erros cometidos pelo governo brasileiro durante a condução do combate à covid-19, opinou ele, foi não investir na vacina na primeira oportunidade, o que representa "um suicídio".
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Rigato foi entrevistado nesta manhã de quinta-feira (10), no Jornal da Manhã, da Jovem Pan Sorocaba. O médico atua como infectologista no Hospital Síro-Libanês, na capital paulista.
Para o médico "se formos rigorosos com os termos epidemiológico, ainda não saímos da primeira onda" no Brasil. Rigato compara a situação da Europa com o país brasileiro. Segundo ele, os países europeus quase zeraram os casos, entretanto, o novo crescimento dos casos fez com que surgissem a segunda e terceira ondas. Já no Brasil, esses casos nunca diminuíram. "O Brasil vai na contramão de outros países que diminuem os casos", argumentou ele.
Principais erros no combate à pandemia
Questionado pelo apresentador e diretor da Jovem Pan Sorocaba, Kiko Pagliato, sobre quais seriam os principais erros do governo brasileiro na condução da pandemia, Rigato disse haver três deles:
1º O primeiro erro é o não incentivo do uso de máscara. "Ele é extremamente eficaz. É um erro básico não ter tido incentivo no uso de máscara. A propaganda é fundamental, pois ela orienta o povo e entra na cabeça do cidadão para fazer como deve ser feito".
2º O segundo erro, de acordo com o especialista, é não ter feito o investimento da vacina assim que foi possível na primeira oportunidade. "Existem dois pilares do controle da doença: o uso de máscaras e a vacina,. Se não cumprirmos essas etapas, não saíremos da pandemia tão cedo. Não investir nas vacinas foi quase um suicídio, um suicídio brasileiro".
"Certamente tomamos as duas doses. Muito provável teremos de tomar a terceira, quarta dose ou mudar de vacina. Não há nenhum problema em revacinar com uma vacina diferente. Isto pode melhorar ainda mais o sistema imunológico", afirmou.
"Vamos aprimorar a produção de vacinas mais eficazes e buscá-las. Isso tem de acontecer, senão o mundo não vai voltar a funcionar", argumentou.
3º O terceiro erro foi o investimento em tratamentos ineficazes. Neste, o infectologista cita a cloroquina. "No início da pandemia, muitos médicos a usaram. Eles não sabiam se era positivo ou negativo, mas, após alguns meses, eles perceberam que era ineficaz. Persistir nisso, em algo ineficaz, e colocar em risco a saúde da população não se justifica. Não há defesa para isso".
O infectologista alerta: "não adianta tomar vitamina, cloroquina, ivermectina, azitromicina. O paciente sem covid não terá efeitos com antibiótico. Não adianta tomar antibiótico por conta própria".
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