O futuro ministro da Justiça, Sergio Moro, confirmou nesta terça-feira (20) que o atual superintendente da Polícia Federal no Paraná, Maurício Valeixo, 51, será o novo diretor-geral da corporação.
“Ele [Valeixo] tem a missão de fortalecer a Polícia Federal e que a Polícia Federal possa direcionar suas investigações principalmente com foco em corrupção e crime organizado. É um grande desafio, são problemas sérios, mas ele é uma pessoa plenamente capacitada”, afirmou o ex-juiz federal.
Valeixo já foi o número três da hierarquia geral do órgão, diretor da Dicor (Diretoria de Combate ao Crime Organizado), na gestão de Leandro Daiello, de 2015 a 2017.
Moro disse ter conversado com o atual diretor-geral da instituição, Rogerio Galloro, para relatar a sua decisão de trocar o comando da PF.
“Conversei com o doutor Galloro, agradeci a ele pelos serviços prestados e pretendo convidá-lo a ajudar em alguma função no âmbito do Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Ele não sai por demérito nenhum”, disse, sem especificar qual cargo poderá ser ocupado pelo atual chefe da polícia.
Em breve pronunciamento, também afirmou que a delegada da PF Érika Marena comandará o DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), subordinado ao Ministério da Justiça.
Os dois nomes anunciados por Moro atuaram com ele na condução da Lava Jato. “Eu seria um tolo se não aproveitasse pessoas que trabalharam comigo, especialmente no âmbito da Lava Jato porque já provaram integridade e eficiência.”
O futuro ministro elogiou Marena, afirmando que ela assumirá uma área estratégica da pasta que ele pretende fortalecer. “Não há ninguém melhor do que ela”, disse.
Segundo ele, a delegada “talvez seja a maior especialista no Brasil em cooperação jurídica internacional”.
Marena ganhou projeção pelo trabalho realizado na Lava Jato, tendo sido inclusive responsável pelo nome da operação. Tem em sua conta ter conseguido, ao lado de outro colega, associar o doleiro Alberto Yousseff aos esquemas de corrupção da Petrobras, justamente o que foi o embrião da investigação.
Mais recentemente, se envolveu em um episódio polêmico em Santa Catarina.
A delegada comandou a Ouvidos Moucos, uma apuração sobre desvio de dinheiro, que prendeu sete pessoas ligadas à UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), entre elas o então reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo.
Ele, que se declarava inocente, se matou ao se jogar do sétimo andar de um shopping em Florianópolis, deixando um bilhete que apontava a operação policial como motivo do seu ato.
Conforme mostrou reportagem da Folha de S.Paulo, o relatório final da PF não apresentou provas de que Cancellier tenha se beneficiado do suposto esquema milionário de desvio de verbas.
Marena depois chegou a representar para que se apurasse crimes contra honra, diante das manifestações que se sucederam, como faixas criticando um suposto abuso de poder das autoridades responsáveis pela Ouvidos Moucos. Questionado sobre o episódio, Moro disse que a delegada tem sua “plena confiança”.
“Foi uma tragédia, algo trágico e toda a solidariedade aos familiares do reitor, mas foi um infortúnio imprevisto na investigação. A delegada não tem responsabilidade quanto a isso”, disse.
O futuro ministro da Justiça também foi questionado se levará o delegado Márcio Anselmo, um dos precursores da Lava Jato ao lado de Marena, para o governo Bolsonaro. “É um delegado de profunda qualidade, é possível, mas não tem nada definido ainda”, respondeu.
Valeixo e Moro se conhecem desde o início dos anos 2000. Antes de virar o terceiro da hierarquia na gestão de Daiello, o delegado já havia ocupado a superintendência da PF do Paraná (de 2009 a 2011), foi diretor geral de Pessoal (de 2011 a 2012), diretor de Inteligência (de 2012 a 2013) e depois ainda foi adido em Washington (EUA).
Ele voltou para a superintendência do Paraná em dezembro de 2017, após a chegada de Fernando Segovia para o cargo de diretor-geral.