25 de Abril de 2024
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Moro afirma que a força-tarefa está ameaçada e depende de ação da PGR

Foto: Marcos Corrêa/PR
Postado em: 07/09/2020

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FOLHAPRESS

O ex-juiz Sergio Moro afirmou que a Lava Jato "está ameaçada" e que uma reversão desse quadro depende da ação da PGR (Procuradoria Geral da República). As declarações foram dadas ao jornal Correio Braziliense, em entrevista publicada neste domingo (6).


"A Lava Jato foi a maior operação contra a corrupção na história no Brasil e, infelizmente, tem sofrido reveses neste momento. A continuidade e as condições de trabalho das forças-tarefas do Ministério Público estão ameaçadas. Reverter esse quadro depende muito da Procuradoria-Geral da República", disse o ex-ministro da Justiça ao ser questionado se a operação havia chegado ao fim.


Na última semana, a operação sofreu duas baixas. O procurador Deltan Dallagnol anunciou a sua saída do comando da força-tarefa da em Curitiba. No cargo, Deltan enfrentava um processo de desgaste e se tornou alvo de ações internas no MPF (Ministério Público Federal), além de estar envolvido em um embate com o PGR, Augusto Aras.


Outros oito procuradores da operação em São Paulo assinaram uma demissão coletiva alegando "incompatibilidades insolúveis" com a atuação da procuradora Viviane de Oliveira Martinez.


Ela passou em um concurso interno em março e assumiu o setor responsável pelas investigações da Lava Jato, antes ocupado pela ex-coordenadora da operação Anamara Osório, que foi promovida para Brasília em 2019.


Apesar de Deltan ter justificado a sua saída por uma questão familiar, Moro avaliou que algumas dificuldades no trabalho colaboraram para a decisão.


"As dificuldades de trabalho da força-tarefa e os vários procedimentos injustos abertos contra ele no CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público] tornaram sua permanência cada vez mais penosa", disse.


Moro elogiou a atuação do colega à frente da operação e disse que ele "merece respeito e reconhecimento pela sua dedicação e comprometimento com a causa pública".


"O procurador Alessandro de Oliveira, que deve substituí-lo, é um profissional sério. Espera-se que dê continuidade ao trabalho", acrescentou o ex-juiz.


Em entrevista à reportagem, Oliveira afirmou que não haverá mudança de rumo nos trabalhos da Lava Jato. "O modelo implantado a partir do paradigma Lava Jato veio para ficar, pois demonstrou ser eficiente aos seus propósitos, vale dizer, para o efetivo combate à criminalidade organizada de colarinho branco."


Questionado sobre a fala do procurador-geral da República de que é preciso "corrigir rumos para que o lavajatismo não perdure", Moro rebateu. "Não existe ´lavajatismo´. O que existe são servidores públicos que respeitam o salário pago com dinheiro público e tiveram o cuidado de fazer bem seu trabalho, levando os responsáveis por graves crimes de corrupção a serem punidos de acordo com o devido processo legal. O nome disso é ´respeito à lei e ao contribuinte´", afirmou.


Aras, que é crítico da Lava Jato, e a força-tarefa de Curitiba vêm trocando acusações desde junho. Em meio a esse embate, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, determinou que os procuradores da Lava Jato enviassem à PGR todos os dados de investigações já colhidos pela operação. A ordem acabou revogada no começo de agosto por outro ministro, Edson Fachin, responsável pelo caso na corte.


O próprio Moro sofreu reveses nas últimas semanas. No fim de agosto, o Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4) derrubou decisão do então juiz que havia condenado o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira por lavagem de dinheiro e associação criminosa dentro da Operação Lava Jato. Os juízes federais consideraram que não havia provas suficientes para condenar Ferreira.


Também no último mês, a Segunda Turma do STF decidiu anular a condenação de um doleiro por envolvimento em um suposto esquema de fraude do antigo Banestado (Banco do Estado do Paraná), em processo que havia sido julgado pelo ex-juiz. O STF acatou recurso da defesa de Paulo Roberto Krug, que havia questionado o fato de Moro ter permitido a tomada de depoimentos referentes à delação de Alberto Youssef depois das alegações finais da defesa.

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