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Minutos após aprovação, Doria acompanha primeira vacinação contra a covid-19 no estado de SP

Postado em: 17/01/2021

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Minutos após a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ter aprovado, por unanimidade, a autorização do uso emergencial das vacinas Coronavac e AstraZeneca, o governador João Doria, participou, nesta tarde de domingo (17), da primeira aplicação da dose no Brasil, feita de forma simbólica em uma enfermeira do estado de São Paulo. 

 

A primeira pessoa escolhida para ser vacinada é a enfermeira Monica Calazans, 54 anos, que faz parte do grupo de risco da covid-19, por ser obesa, diabética e hipertensa. Enquanto a profissional era vacinada, Doria permaneceu ao seu lado. Monica trabalha na UTI do Instituto de Infectologia Emilio Ribas. 

 

Após a celebração da primeira dose aplicada, Doria concedeu coletiva e engrossou o discurso a favor da vacina e contra quem ele chama de "negacionistas". "A vacina vai ajudar a evitar cenas dramáticas, como o mundo viu em Manaus. Cenas que chocaram a opinião pública mundial", disse o governador. "´Pressa pra que? Disse um brasileiro. Toma cloroquina que passa. Não há mais nada a fazer´", falou referindo-se e criticando frases ditas pelo presidente Jair Bolsonaro. 

Doria parabenizou a Anvisa pela decisão de conceder autorização para o uso das vacinas. Entretanto, ele frisou para a importância, ainda assim, de seguir os protocolos de segurança e saúde. "Até que todos os brasileiros estejam vacinados, a chegada da vacina não vai nos liberar das máscaras, do uso do álcool em gel, o distanciamento social, a proteção a quem tem comorbidades". 


O governador autorizou, nesta tarde de domingo, o encaminhamento das doses da Coronavac para que o Ministério da Saúde faça a distribuição aos estados brasileiros. "Peço ao Ministério da Saúde que pare de recomendar e distribuir a cloroquina. É criminoso fazer crer, sobretudo, a população mas simples, que a ´cloroquina salva´. A cloroquina não salva e, em algumas ocasiões, ela mata. Parem de fazer isso", esbrevejou.  

 

Mônica Calazans

 

A enfermeira Mônica Calazans, 54, é a primeira brasileira imunizada com a vacina do Butantan contra a COVID-19 no país. Mulher, negra e com perfil de alto risco para complicações provocadas pelo coronavírus, não deixou de atuar nos hospitais da capital paulista para ajudar a salvar vidas. Para Mônica, a campanha de imunização é uma oportunidade de recomeço para toda a população do Brasil.



"Não é apenas uma vacina. É o recomeço de uma vida que pode ser justa, sem preconceitos e com garantia de que todos nós teremos as mesmas condições de viver dignamente, com saúde e bem-estar", afirmou a enfermeira, que é obesa, hipertensa e diabética.



Em maio, quando a primeira onda da pandemia entrava na fase de pico em São Paulo, Mônica decidiu se inscrever para vagas de enfermagem com contrato por tempo determinado. Entre vários hospitais, escolheu trabalhar no Instituto de Infectologia Emílio Ribas mesmo sabendo que estaria no epicentro do combate ao coronavírus. "A vocação falou mais alto", afirmou.



Residente em Itaquera, na zona leste da capital, Mônica trabalha em turnos de 12 horas, em dias alternados, na UTI do Emílio Ribas, hospital de referência para casos graves de COVID-19. O setor tem 60 leitos exclusivos para o atendimento a pacientes com coronavírus, com taxa de ocupação média de 90%.



Mulher de muitos recomeços, Mônica atuou como auxiliar de enfermagem durante 26 anos e decidiu fazer faculdade já numa fase mais madura, obtendo o diploma aos 47 anos. "Quem cuida do outro tem que ter determinação e não pode ter medo. É lógico que eu tenho me cuidado muito na pandemia toda. Preciso estar saudável para poder me dedicar. Quem tem um dom de cuidar do outro sabe sentir a dor do outro e jamais o abandona," disse.



Viúva, ela mora com o filho, de 30 anos, e cuida da mãe, que aos 72 anos vive sozinha em outra casa. Por isso, Mônica é minuciosa nos cuidados de higiene e distanciamento tanto no trabalho quanto em casa - até agora, nenhum dos três foi contaminado pelo coronavírus. Apesar disso, Mônica viu a COVID-19 afetar sua família quando o irmão caçula, que é auxiliar de enfermagem e tem 44 anos, ficou internado por 20 dias devido à doença.

 

Apesar da rotina intensa, a enfermeira mantém o otimismo e o equilíbrio emocional. Torcedora do Corinthians, Mônica aproveita as folgas no hospital para assistir aos jogos do clube de coração. Ela também é fã de de séries de TV e das canções de Seu Jorge, artista favorito da enfermeira.



Mônica se apoia na fé para manter a confiança e faz orações diariamente por si própria, familiares, colegas do trabalho e, principalmente, pelos pacientes. "Eu tenho sempre em mente que não posso me abater porque os pacientes precisam de mim. Tenho sempre uma palavra de positividade e de que vamos sair dessa situação. O que também me ajuda é o prazer que sinto com o meu trabalho", concluiu.



Primeira vacinadora


A primeira vacinadora do Brasil também é mulher e enfermeira. Jéssica Pires de Camargo, 30, atua na Coordenadoria de Controle de Doenças e mestre em Saúde Coletiva pela Santa Casa de São Paulo.



Com histórico de atuação em clínicas de vacinação e unidades de Vigilância em Saúde, Jéssica já aplicou milhares de doses em campanhas do SUS contra febre amarela, gripe, sarampo e outras doenças. Para Jéssica, o início da vacinação contra a COVID-19 é um marco histórico na própria carreira e, sobretudo, para o Brasil.



"Não esperava ser a pessoa a aplicar esta primeira dose. Isto me enche de orgulho e esperança de que mais pessoas sejam protegidas da COVID-19 e que outros colegas de profissão possam sentir a mesma satisfação que sinto ao fazer parte disso. São mais de 52 mil profissionais de saúde mobilizados nesta campanha e cada um deve receber o devido reconhecimento", afirmou Jéssica.

 

Anvisa autoriza Coronavac e AstraZeneca

 

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou, por unanimidade, o uso emergencial da Coronavac e da AstraZeneca/Oxford no Brasil. Os pedidos foram feitos pelo Instituto Butantan e Fiocruz, respectivamente. 


O uso dos imunizantes foi autorizado após votação feita pela diretoria do colegiado do órgão neste domingo (17), formada por cinco integrantes. Foram cinco votos a favor proferidos por: Meiruze Freitas (diretora e relatora), Romison Mota (diretor substituto), Alex Campos (diretor) e Cristiane Jourdan (diretora) e Antonio Barra (diretor-presidente).

 

"Ambas atendem aos critérios de qualidade e segurança para o uso emergencial", disse a relatora do processo e diretora da Anvisa, Meiruze Freitas. A diretora considerou os relatórios preliminares dos ensaios clínicos nas fases três, boas práticas, eficácia e qualidade para dar o parecer favorável à aplicação das doses, entretanto, recomendou monitoramento dos estudos sobre a imunogenicidade após a aplicação das doses no uso emergencial. Ainda segundo Meiruze, os benefícios das vacinas superam eventuais riscos.


Durante a apresentação técnica de ambas as vacinas, a equipe deixou claro que "não há tratamento eficaz para a covid-19", o que tornaria essencial a vacinação da população para diminuir o contágio da doença. 


A aplicação pode ser iniciada após a publicação da medida no Diário Oficial da União (DOU), cuja a previsão é ainda neste domingo, além da assinatura de um termo de compromisso dos institutos. 


 

Estavam na pauta da Anvisa os processos do imunizante Coronavac, fabricado e desenvolvido pelo Instituto Butantan, em conjunto com a farmacêutica chinesa Sinovac; e o da vacina da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, em parceria com o laboratório AstraZeneca.


O Butantan pediu aval para uso de 6 milhões de doses da vacina importada da China.

 

Somados, os pedidos se referem a seis milhões de doses da Coronavac e outros dois milhões de doses da vacina da Astrazeneca/Oxford.  

 

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