O promotor Orlando Bastos Filho, do Ministério Público de São Paulo, instaurou um inquérito civil para investigar o contrato assinado pela Prefeitura de Sorocaba e a agência de publicidade Dgentil, no valor de R$ 20 milhões. No seu texto, ele recomendou que o prefeito de Sorocaba, José Crespo (DEM), suspenda imediatamente o contrato e que nenhuma nova despesa com a empresa seja paga pelo município enquanto durarem as investigações. Questionada pelo IPA Online, a Prefeitura informa que recebeu a documentação do Ministério Público e que deverá analisar as solicitações e, somente após isso poderá emitir manifestação à imprensa.
Segundo Orlando Bastos, as recomendações “são prudentes, na medida em que são muitas as dúvidas que envolvem o contrato, que valores eventualmente com eles dispendidos são de dificílima recuperação, que na hipótese deve prevalecer o interesse público primário, em defesa do erário e não da administração”.
Ainda de acordo com ele, em especial, “não falamos de serviços essenciais, seja por sua natureza, seja porque vários municípios, inclusive muito em voga e amplamente divulgados, já deram o exemplo quanto ao caráter não fundamental para a comunidade de gastos com propaganda”.
O inquérito civil proposto pelo promotor vai investigar a contratação da agência após denúncia feita pela Comissão de Economia da Câmara Municipal. Por este motivo, o MP também comunicou o legislativo sorocabano sobre o procedimento. A denúncia, assinada pelos vereadores Hudson Pessini (MDB), Péricles Régis (MDB) e Renan dos Santos (PCdoB) e acusa a prefeitura de ter contratado a empresa de forma ilegal, sem a devida dotação orçamentária, com verbas de diversas secretarias e até do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) para tentar aumentar a popularidade do prefeito.
O texto do promotor cita também o secretário da Fazenda, Marcelo Regalado, sob pena de responsabilidade se autorizar qualquer pagamento à empresa. A Corregedoria da Prefeitura de Sorocaba, citada também sob pena de responsabilidade, deve informar as outras pastas da interrupção do contrato.
Orlando Bastos citou ainda que a empresa Dgentil, que tem como nome fantasia Estação Primeira da Propaganda, já é alvo da Operação Casa de Papel, que investiga desvio e lavagem de dinheiro, fraudes em licitações e corrupção de agentes públicos na Prefeitura.