Jovem Pan News
O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, voltou a criticar nesta terça-feira, 6, a escolha do presidente Jair Bolsonaro para ocupar a vaga de Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar de ter prometido que o próximo ministro seria “terrivelmente evangélico”, Bolsonaro indicou o desembargador Kassio Nunes Marques, o que tem gerado revolta entre os seus apoiadores. “Eleitores de Bolsonaro estavam esperando alguém preparado juridicamente, mas terrivelmente de direita. Essa era a esperança dos eleitores, mas pasmem, o presidente virou cabo eleitoral e advogado de indicado do STF. Nem os presidentes petistas Lula e Dilma foram advogados de indicados”, afirmou Malafaia em vídeo publicado nas suas redes sociais. Nos últimos dias, o presidente tem defendido Nunes, que chegou a ser chamado de “comunista” e acusado de ser aliado do Partido dos Trabalhadores (PT).
Malafaia deixou claro que não tem “nada pessoal” contra Kassio Nunes, porém lembrou que o desembargador foi indicado por Dilma Rousseff. “A esquerda só coloca quem tenha vertente de apoio à ideologia deles. (…) O presidente não pode descer a esse nível, é ridículo. O cara que seja reprovado ou aprovado pela sua história e não por defesas do presidente. E as questões que nós queremos saber não foram faladas, como aborto, ideologia de gênero, que envolvem o que nós cremos e tudo o que o presidente defende. Isso é o que ele deveria estar falando, e não fazendo defesas apaixonadas do cara”, disse o pastor. Segundo Malafaia, quando Bolsonaro ainda não havia escolhido o seu indicado, e comentou que seria alguém “terrivelmente evangélico”, as lideranças religiosas se reuniram e escolheram três nomes para enviar ao presidente. Malafaia encontrou-se com Bolsonaro para uma audiência, onde o presidente esclareceu que a primeira vaga não seria de um evangélico, mas sim de alguém que ele “confiasse”. “Entendi e não fiz nenhum questionamento. Eu não sou criança, tenho intimidade para falar com Bolsonaro, mas tem coisas que ultrapassam essa intimidade. Eu não estava querendo impor alguém meu”, afirmou.
O pastor disse, no entanto, que “continua apoiando Bolsonaro”, mas ressaltou que discorda da escolha de Nunes para o STF. “Sou aliado e não alienado do presidente. Não sou puxa saco e não idolatro homens, adoro a Deus e não confio 100% em homem nenhum. Todos nós somos passíveis de críticas. Só não critico Deus porque sei que Ele é perfeito em todos os Seus caminhos”, destacou. Em culto da Assembleia de Deus Ministério do Belém, nesta segunda-feira, 5, Bolsonaro garantiu que indicará para a próxima vaga no STF, que deve abrir em julho de 2021, um pastor evangélico. “A segunda vaga […], com toda certeza, mais que um terrivelmente evangélico, se Deus quiser nós teremos lá dentro um pastor”, declarou o presidente. Em seguida, convidou os fiéis a imaginarem as sessões “daquele Supremo Tribunal Federal” começarem com uma oração.