A prefeita Jaqueline Coutinho esteve na Câmara Municipal na manhã desta quinta-feira (7) para esclarecer aos vereadores sobre a situação financeira da Secretaria de Saúde do município. A rádio Ipa FM divulgou, com exclusividade nesta manhã, a entrevista do padre Flávio Miguel Júnior, que afirmou que a Santa Casa pode fechar o atendimento ao público em virtude dos atrasos de pagamentos da Prefeitura. A prefeita deixou a Casa de Leis sem responder questionamentos dos vereadores, porque tinha que buscar o filho na escola.
Em sua declaração, que não recebeu questionamentos dos vereadores por decisão do presidente do Legislativo, Fernando Dini (MDB), Jaqueline afirmou que a Saúde passa por um momento delicado e que não priorizará pagamentos a um ou outro fornecedor. "Aquilo que estava previsto na LOA, como vocês entenderam, já foi há muito tempo. Nós agora estamos usando a receita que entra semanalmente. Entrou no nosso caixa, a Secretaria da Fazenda paga sem preferência. Há uma sequência lógica que nós temos que seguir, respeitando a legalidade", explicou Jaqueline.
"Se eu preferir pagar alguém, estarei sendo uma pessoa fraudulenta, estelionatária", disparou, complementando que "tudo o que fazemos está pautado na legalidade e na transparência. Os pagamentos serão honrados, seguindo um cronograma".
A prefeita afirmou ainda que tem trabalhado todos os dias para resolver as questões de problemas com o orçamento. "Estamos adotando todas as medidas sem temor, sem omissão, sem procrastinação. Nós estamos o tempo inteiro debatendo e resolvendo. Se a resolução demora um pouco, não é por omissão. Nós estamos sempre permeáveis a críticas, de preferência construtivas, porque senão não resolve nada", salientou.
Para Jaqueline, a previsão orçamentária feita não foi adequada, mas ela ressaltou que o fato de estar presente na Câmara é uma demonstração da transparência de seu governo. "Não temo nada que importe em retaliações. O crivo político nunca vai suplantar o crivo técnico", concluiu.
Estiveram presentes os secretários municipais da Fazenda, Marcelo Regalado, Saúde, Ademir Watanabe, Relações Institucionais, Flávio Chaves e Comunicação, Deda Benette.
Padre diz que hospital pode fechar
A Santa Casa de Sorocaba pode interromper seu funcionamento a qualquer momento, devido a um atraso de 70% no repasse de recursos por parte da Prefeitura. O alerta foi feito na manhã desta quinta-feira (7) pelo Padre Flávio Miguel Júnior, gestor do Hospital, em mensagem enviada aos vereadores da cidade. O IPA Online obteve o texto com exclusividade junto a fontes do Legislativo. Assista o vídeo abaixo
No texto, o padre Flávio afirma que a Santa Casa tem quatro notas fiscais vencidas, totalizando um valor de aproximadamente R$ 5,3 milhões. O padre questiona os vereadores: "Ora, como um hospital 100% SUS, pode ter 70% de seu repasse em atraso?
" A mensagem afirma também que a Secretaria da Fazenda não tinha previsão para o pagamento.
Ainda segundo a mensagem, na noite de ontem o gestor da Santa Casa telefonou para a prefeita Jaqueline Coutinho, "que me ouviu com carinho e atenção, mas a mesma realmente confirmou o caos geral na saúde, onde só nessa pasta a dívida até ontem estava aproximadamente em R$ 14 milhões".
Ainda de acordo com o texto, a prefeita se comprometeu com o gestor da Santa Casa a estudar junto ao titular da Fazenda, Marcelo Regalado, uma solução. Porém, na mensagem, o padre Flávio Miguel aponta não acreditar que haverá uma "solução imediata, por um simples fato: a cidade está quebrada! Agora é hora de colocarmos de lado as questões pessoais e políticas, e pensarmos na população sorocabana que ficará sem atendimento hospitalar, pois o atendimento poderá parar a qualquer momento".
Peço humildemente aos nobres vereadores(as) que marquem com urgência uma reunião com a sra prefeita e a ajudem com ideias e sugestões para encontramos uma saída para o caos.
Segundo o gestor, dos R$ 5,3 milhões, caso o Poder Público repassasse R$ 2,5 milhões, ele conseguiria pagar os funcionários e alguns fornecedores, entre eles a lavanderia. "Para eu poder fazer o mínimo para a coisa não ir para um caminho dramático. A cidade não precisa estar cheia de UPHs, UPA, se não tem condições de mantê-los", desabafou. "Se chegar o caso de faltar parte da lavanderia ou sindicato iniciar greve, são situações que me escapam. Não tenho de onde tirar, não tenho o que fazer. Da minha parte, farei o possível para que não falte atendimento à população", completou. "Estou prevenindo desdobramentos que poderão acontecer. Não estou fazendo terrorismo. Quero que a população saiba o que pode acontecer. O problema é grave", afirmou ele.
Assista a um trecho da entrevista do padre, nesta manhã de quinta-feira (7), no Jornal da Ipanema, da Rádio Ipanema:
Veja a íntegra da mensagem obtida pelo IPA Online:
"Nobre Presidente Fernando Dini e
Nobres Vereadores(as)
Dirijo-me aos senhores(as) diante da situação caótica que estamos enfrentando, frente aos constantes atrasos nos pagamentos pela Prefeitura Municipal a nossa Santa Casa de Misericórdia.
Atualmente temos 04 Notas vencidas:
NF 249094 - R$ 1.911.490,83
NF 249096 - R$ 1.225.272,98
NF 249097 - R$ 230.373,52
NF 249099 - R$ 1.911.490,83
Total: R$ 5.278.628,16
Ora, como um hospital 100% SUS, pode ter 70% de seu repasse em atraso?
Estamos com fornecedores em atraso, e hoje é dia do pagamento dos nossos funcionários, além disso ainda corremos o risco de ficar a qualquer momento sem a rouparia para os leitos, dado o atraso no pagamento da lavanderia.
Ontem a informação que recebemos da SEFAZ que nao há previsão de pagamento.
Senhores(as), a situação é angustiante e pode impactar todo o atendimento a população.
Diante disso faço aqui meu pedido de socorro aos nobres vereadores(as) para ajudarem a prefeita a encontrar uma solução para o caos na saúde.
Ontem fiquei no telefone com a sra prefeita, Dra. Jaqueline Coutinho, até as 23 horas, que me ouviu com carinho e atenção, mas a mesma realmente confirmou o caos geral na saúde, onde só nessa pasta a dívida até ontem estava aproximadamente em $14 milhões.
A sra prefeita me disse que falará hoje com o sr Regalado e com Dr Ademir, no entanto não acredito que trarão uma solução imediata, por um simples fato: a cidade está quebrada!
Agora é hora de colocarmos de lado as questões pessoais e políticas, e pensarmos na população sorocabana que ficará sem atendimento hospitalar, pois o atendimento poderá parar a qualquer momento.
Peço humildemente aos nobres vereadores(as) que marquem com urgência uma reunião com a sra prefeita e a ajudem com ideias e sugestões para encontramos uma saída para o caos.
Pe. Flávio Júnior"