Via Jornal da USP
As medidas de isolamento social implantadas no Brasil a partir de março conseguiram reduzir pela metade a taxa de transmissão do coronavírus, revela estudo internacional liderado por pesquisadores brasileiros. A partir de análises genéticas, epidemiológicas e de dados de mobilidade humana, os pesquisadores concluíram que houve mais de 100 entradas do vírus, originárias principalmente da Europa. No entanto, apenas três dessas entradas deram início à cadeia de transmissão do vírus no Brasil, entre o final de fevereiro e o começo de março. O isolamento social, apesar de adotado depois que o vírus se espalhou, diminuiu a taxa de transmissão de 3 para 1,6 contaminados por pessoa infectada. O estudo foi coordenado pelo Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE).
As conclusões do trabalho são relatadas em artigo publicado em 23 de julho na revista Science. De acordo com a professora Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (IMT) da USP, uma das pesquisadoras que participou da elaboração do artigo, o estudo é uma continuidade do primeiro sequenciamento genético do coronavírus no Brasil, realizado em fevereiro deste ano pelo IMT, em parceria com o Instituto Adolfo Lutz e a Universidade de Oxford, no Reino Unido. “É um trabalho de vigilância contínua, para verificar como o vírus está evoluindo e a sua dispersão, a partir de amostras coletadas desde março até o final de abril”, explica. O pesquisador Darlan Cândido, da Universidade de Oxford, primeiro autor do artigo, aponta que a partir do genoma do vírus é possível reconstruir a história da epidemia no Brasil. “A análise permite fazer isso tanto no tempo quanto no espaço, ou seja, quando o vírus chegou e onde se espalhou.”