25 de Abril de 2024
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Funcionários do Grupo São João protestam por manutenção de empregos

Foto: divulgação
Postado em: 20/04/2020

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Após anunciar a suspensão de suas atividades, o Grupo São João apresentou um comunicado, no fim da tarde deste domingo (19), para avisar que irá, em caráter excepcional, operar algumas linhas nesta segunda-feira (20). 


A decisão, conforme a nota da empresa, ocorre "em respeito aos trabalhadores que necessitam do transporte público para ir ao trabalho, sobretudo àqueles que atuam na área de saúde e estão empenhados no combate ao coronavírus (Covid-19)". 


A empresa havia divulgado, no último sábado (18), que não teria mais como operar porque sua receita atual, diante da crise de coronavírus, representa 10% se comparado com a receita normal. Ainda, ela paga folha de 970 trabalhadores diretos. O Grupo também desconsidera o termo "encerramento de atividades", já que alega tentar a continuidade de seus serviços.

 

Nesta manhã de segunda, colaboradores se reuniram em um ato pacífico pela manutenção de seus empregos e apoio à empresa. 

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Foto: divulgação


As linhas que irão funcionar nesta segunda são as seguintes:


- Serrano via Vossoroca (3104), 
- Vila Nova via Vila Irineu (3111), 
- Itapeva via Jataí (3116), 
- Sorocaba via Lageado (6305), 
- Salto de Pirapora/Sorocaba (6315) 
- Piedade Sorocaba (6338).

Suspensão das atividades

Em sua primeira nota divulgada no sábado, o Grupo São João informou que tomou a decisão de suspender suas atividades "devido à intransigência do Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região em não aceitar o acordo proposta por meio da Medida Provisória 936/20, de autoria do Governo Federal". 


A MP citada pelo Grupo São João, em sua segunda sessão, denominada "Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda", trata sobre redução proporcional de jornada de trabalho e de salário e suspensão temporária do contrato de trabalho. A Medida Provisória determina que "o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda será custeado com recursos da União". Segundo a empresa, o sindicato alega "perda aos trabalhadores". 

O Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região, por sua vez, respondeu que "repudia a atitude do Grupo São João de tentar se aproveitar deste momento crítico de pandemia para jogar nas costas dos trabalhadores um problema de má administração". 


A empresa lamentou não ter mais como manter o transporte público urbano em Votorantim, São Miguel Arcanjo e Salto de Pirapora, além das linhas metropolitanas que ligam Votorantim/Sorocaba, Porto Feliz/Sorocaba, Boituva/Sorocaba, Piedade/Sorocaba, São Miguel Arcanjo/Sorocaba, Araçoiaba da Serra/Sorocaba, Salto de Pirapora/Sorocaba, Piedade/Tapiraí e Pilar do Sul/Piedade".


"Como os nossos colaboradores não podem ser incluídos na MP 936/20, já que o sindicato da categoria recusa, não temos condições de arcar com toda a mão de obra parada, tendo em vista que não há receita para isso".


Segundo o grupo, a receita nos transportes regulares – linhas urbanas e metropolitanas – está em torno de 10% (dez por cento) da receita normal.



"A empresa chegou ou já passou dos limites das suas condições para se manter ativa. Ou seja, não bastassem os vários desafios que já tínhamos, agora enfrentamos a pandemia de coronavírus", alega a empresa. 


"Lamentamos por tudo e por todos. Estamos à beira de um colapso. Temos vivido um pesadelo esses dias. No caso do Grupo São João, são 56 anos que estão indo para o túmulo junto com mais de 970 famílias – empregados diretos – que vivem e fazem a nossa empresa ser o que é", finalizou o Grupo São João na nota.

Sindicato dos Rodoviários divulga nota de repúdio

O Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região, por meio de nota, disse "que recebeu com surpresa e indignação a informação, na manhã do sábado (18), por meio da imprensa, de que o Grupo São João decidiu por encerrar suas atividades nos transportes urbano e intermunicipal de nossa região e alegou que essa decisão foi tomada “devido à intransigência” deste Sindicato.

Primeiro, as negociações entre Sindicato e Grupo São João estavam em aberto. A empresa apresentou ao Sindicato a reivindicação de aderir aos acordos previstos na Medida Provisória 936/20. Na última reunião, o Sindicato dos Rodoviários colocou que aceitava a adesão à MP com algumas ressalvas. Sindicato e empresa passaram a debater os detalhes e o diretor da empresa informou que iria levar a contraproposta construída na mesa de negociação para a diretoria do Grupo São João.

O Sindicato estava aguardando o retorno da resposta da diretoria da São João quando foi surpreendido com a informação, via imprensa, de que a empresa encerraria suas atividades.

O Sindicato estranha muito esse posicionamento pois, se a São João realmente estivesse com intenção de resolver a questão trabalhista, poderia ter recorrido à Justiça do Trabalho, como fizeram as empresas do transporte urbano de Sorocaba, por exemplo.

Por fim, o Sindicato repudia a atitude do Grupo São João de tentar se aproveitar deste momento crítico de pandemia para jogar nas costas dos trabalhadores um problema de má administração. O Grupo São João está em recuperação judicial e esse é um fato que o impede de aderir a diversos programas do governo federal. O que não tem nada a ver com a questão trabalhista e este Sindicato.

Mesmo diante de tudo isso, o Sindicato dos Rodoviários se mantém aberto para tentar resolver as questões por meio do diálogo e informa que irá tomar todas as providências necessárias para assegurar o emprego, o salário e os direitos dos trabalhadores em transportes".


Prefeitura se posiciona


A Prefeitura de Votorantim, também nesta noite de domingo, divulgou uma nota afirmando "que foi pega de surpresa com a paralisação total no transporte coletivo urbano no sábado (18) e que já estuda, de acordo com o que prevê o contrato de concessão dos serviços, tomar as devidas atitudes, dentro da legalidade". 


A prefeitura ressaltou, ainda, "que já há alguns dias a empresa vinha informando à administração municipal sobre a queda no índice de ocupação, com uma arrecadação abaixo de cobrir os seus custos operacionais, situação que se agravou com a tentativa frustrada de negociação com o sindicato da categoria para o acordo trabalhista durante a pandemia, previsto pelo governo federal para garantir a manutenção dos empregos". 


A Prefeitura reforçou "que é importante lembrar que muito desse contratempo se deve à obrigatoriedade do decreto do governo do Estado de manter os serviços essenciais na cidade e os demais fechados durante a quarentena, e no estado de calamidade pública, no enfrentamento da Covid-19".

 

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