O Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” está em festa com a reprodução de mais uma espécie com risco de ser extinta da natureza. Uma fêmea de lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) nasceu no dia 8 de junho deste ano no zoo sorocabano. A espécie consta na lista oficial dos animais ameaçados de extinção do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e é classificada na categoria vulnerável da IUCN (International Union for Conservation of Nature). A lobinha vem se desenvolvendo muito bem, dentro dos padrões comportamentais normais para a espécie, e com muita saúde. Ela está pesando 2.4 kg, tem 57 cm de comprimento e 26 cm de altura.
Administrado pela Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Sema), o zoológico é responsável pela conservação e cuidados de várias espécies ameaçadas de extinção. “A nossa instituição participa de planos de manejo, como da onça-pintada, lobo-guará e muriqui, e ainda se destaca como centro de pesquisas biológicas e veterinárias, gerando conhecimento sobre fisiologia, genética, comportamento e reprodução, além de manter parcerias com instituições de ensino e pesquisas nacionais e internacionais”, ressalta o secretário Maurício Tavares da Mota. Além da mais nova habitante, o zoo tem atualmente dois exemplares macho e duas fêmeas de lobos-guarás, mas diversos outros filhotes nasceram ao longo dos últimos 40 anos.
Inclusive o “Quinzinho de Barros” é parceiro do ICMBio e da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (Azab) para a realização de pesquisas, reprodução e conservação do lobo-guará nos zoológicos e em natureza. “A escolha do lobo-guará é muito emblemática, pois sendo o maior canídeo brasileiro, representa o Cerrado, que é o segundo maior ecossistema do país, tão ameaçado quanto a espécie”, explica a bióloga Cecília Pessutti.
O zoológico de Sorocaba é responsável, por exemplo, pela compilação das informações referentes ao livro de registro genealógico de todos os lobos mantidos sob cuidados humanos em zoológicos do Brasil. “A partir desse documento, nós conseguimos identificar os indivíduos sem ou com baixa consanguinidade e propor o acasalamento para termos filhotes geneticamente saudáveis para manter a espécie”, explica Cecília. Além disso, o zoo também é responsável pela recuperação de lobos-guarás atropelados em rodovias, abandonados, resgatados em quintais dentro de cidades, entre outras causas.
Sobre a espécie
O lobo-guará é o maior canídeo da América do Sul e habita as áreas abertas e de Cerrado, principalmente nas regiões Centro-oeste, Sudeste e Sul no Brasil, assim como alguns países vizinhos, como Paraguai e Argentina. As principais causas de ameaça de extinção da espécie são atropelamentos, perda de habitat, envenenamento, caça, entre outras.
Eles têm a pelagem do corpo avermelhada, exceto no pescoço, orelhas e ponta da cauda, que são brancos, e dorso e patas negras. Carnívoros onívoros, ou seja, além de carne também comem vegetais, eles podem medir até um metro de altura e pesar 30 quilos. O lobo-guará tem hábito solitário, podendo ser vistos aos pares somente no período reprodutivo.
Apesar do grande porte e do título de “lobo”, é tímido, solitário e praticamente inofensivo, preferindo manter distância de populações humanas. Usa as presas para se alimentar de pequenos animais, como roedores, tatus e perdizes, além de frutos variados do Cerrado, como o araticum e a lobeira, nome popular de uma planta da família das Solanáceas. Os frutos da lobeira agem como vermífugos para o lobo-guará, daí seu nome popular.