A pesquisa verificou ainda a relação entre as cefaleias e o tempo de atividade física recomendado pela OMS para diminuição de risco cardiovascular, que é de 150 minutos semanais em intensidade moderada ou 75 minutos de forma mais vigorosa, no lazer ou no deslocamento para o trabalho. “Em casos de inatividade, quando a pessoa não se exercita ou não vai trabalhar a pé ou de bicicleta, há maior ocorrência de enxaqueca”, aponta. “Entre pessoas pouco ativas, que se movimentam menos tempo que o critério da OMS, há maior ocorrência tanto de dor de cabeça tensional quanto de enxaqueca.”
Quando o tempo de deslocamento foi avaliado separadamente, a inatividade esteve associada à maior ocorrência de cefaleia tensional em homens, porém à menor ocorrência em mulheres. “É possível que, nesses casos, a atividade física do deslocamento não seja tão benéfica quanto a do lazer”, observa. “Isso também pode ter relação com a hipótese da inadequação do ambiente motivada pela poluição do ar em grandes áreas urbanas.”
No lazer, a atividade física vigorosa, porém abaixo do tempo recomendado, está relacionada à maior ocorrência de enxaqueca em mulheres. “Nesse caso, é possível que haja influência de fatores hormonais, como, por exemplo, tensão pré-menstrual”, diz. A inatividade esteve associada à maior frequência de ambas as formas de dor de cabeça. “A recomendação do estudo é a realização de exercícios no lazer, com intensidade moderada, 150 minutos por semana, para prevenir e diminuir a frequência e a intensidade das crises de cefaleia.”
O Elsa-Brasil é um estudo de acompanhamento de longo prazo (coorte) que tem o objetivo de investigar na população brasileira a incidência e fatores de risco para doenças crônicas, como as cardiovasculares, entre as quais acidente vascular cerebral (AVC), hipertensão, arteriosclerose, infarto e outras associadas. Iniciado em 2008, o estudo conta com cerca de 15 mil participantes, de várias regiões do Brasil, com idade entre 35 e 74 anos. Eles serão novamente convocados no próximo mês de agosto para entrevistas e exames que identifiquem uma possível evolução dos fatores de risco para essas doenças, consideradas a principal causa de mortalidade no Brasil e no mundo.
Veja, neste link, outras pesquisas realizadas pelo Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil).