O delegado da Polícia Civil que foi titular da Delegacia Seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel, e comandou a Operação "Casa de Papel", divulgou, nesta terça-feira (10), um curto vídeo em que enaltece o trabalho feito pelo Ministério Público, por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial em Combate ao Crime Organizado), que denunciou o desvio de dinheiro público e corrupção ocorrido no Governo Crespo.
No vídeo, de 30 segundos, Carriel relembra que a Polícia Civil iniciou a operação. "Se não fosse isso, nada teria acontecido. Ninguém teria se responsabilizado e a organização criminosa não teria sido descoberta".
Já sobre a denúncia feita pelo Gaeco e os 18 indiciados, entre eles Crespo, o ex-Seccional comenta: "Agora, quando houver e se houver o recebimento da denúncia criminal, todos [os indiciados] vão responder muito caro pela sangria dos cofres públicos daqui de Sorocaba. Vai pagar caro".
Assista
Durante a apresentação e detalhamento da denúncia realizado nesta terça, a promotora responsável pela investigação, Maria Aparecida Castanho, inclusive, citou que o prefeito cassado de Sorocaba, José Crespo, é considerado o líder da organização criminosa que atuava com fraudes e desvio de dinheiro público.
Gaeco denuncia corrupção no Governo Crespo
A promotora do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Maria Aparecida Castanho, informou, durante entrevista coletiva nesta manhã de terça-feira (10), que os indiciados na Operação "Casa de Papel", entre eles o prefeito cassado José Crespo (DEM), podem ser presos caso descumpram as medidas cautelares impostas pela Justiça.
O Ministério Público concluiu que houve corrupção cometida pelo Governo Crespo. Com esta etapa encerrada, a promotora informou que irá aguardar o posicionamento dos acusados e esperar a instrução do processo.
Questionada sobre quem seria o chefe da quadrilha, a promotora respondeu que "foi atribuído a ele [Crespo] o comando da organização". "O dono do cofre é o prefeito. Ele teria que saber disso [dos crimes ocorridos dentro da prefeitura]. Você tem que ter conhecimento como ordenador de despesa. Se alegar que não tem conhecimento, também não pode, tá na lei", declarou ela.
Medidas cautelares
Algumas das medidas, explicou a promotora, são a proibição de sair do país e entrega de passaportes, o comparecimento obrigatório regular a todos os atos processuais sem tentativa de procrastinar os mesmos (como apresentações de atestados médicos), a restrição de idas à Prefeitura de Sorocaba (somente sob autorização da Justiça) e conversar com testemunhas arroladas no processo, além de comparecimento mensal em juízo, e não mudar de endereço sem avisar antes a Justiça.
Além de Crespo, que foi denunciado por organização criminosa, crime continuado, corrupção passiva continuada, outras 17 pessoas foram indiciadas na operação, entre elas secretários municipais, agentes públicos e empresários.
Tatiane Pólis
Maria Aparecida também citou o nome da então voluntária do prefeito cassado, Tatiane Pólis. De acordo com ela, foi comprovado na investigação que a "voluntária" cometeu crime de usurpação de função pública. Mesmo sem cargo na Prefeitura, Tatiane recebia salário com dinheiro público. Apesar da confirmação, não foi informado o valor que era pago a ela.
Fraudes e superfaturamento
"A pessoa tinha um salário e, às vezes, movimentava o triplo, quádruplo, até 10 vezes mais do que ganhava. Se ela não conseguia comprovar de onde vinha esse dinheiro, é considerado dinheiro de corrupção", enfatizou a promotora.
No total, foram apurados 18 tipos de fraude de licitações públicas. A promotora informou também que os acusados faziam reuniões tanto dentro da prefeitura, quanto em um gabinete fora dela.
O Gaeco também informou que uma empresa chamada Strategie chegou a ser contratada diretamente pela DGentil, empresa de publicidade contratada com dinheiro público. O objeto era a realização de pesquisas de cunho eleitoral para obter dados sobre uma possível campanha eleitoral para o prefeito cassado.
Decisão aguardada do STF sobre volta de Crespo
Maria Aparecida Castanho respondeu sobre a dúvida de que, caso o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, conceda liminar para Crespo voltar como prefeito, como ficariam as medidas cautelares expedidas pela Justiça de Sorocaba. Segundo ela, o processo subiria ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Outra ação seria pedir a manifestação do promotor de Justiça do Patrimônio Público.