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E-mail mostra ‘desespero’ de Crespo para afastar delegado da ‘Casa de Papel’

Postado em: 24/04/2019

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O IPA Online teve acesso exclusivo a um e-mail que teria sido enviado pelo prefeito José Crespo (DEM) ao chefe de Assessoria Parlamentar da Secretaria de Estado de Segurança Pública, Ricardo Lemes. Na mensagem, enviada em 4 de janeiro, o chefe do Executivo sorocabano teria afirmado que o delegado seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel, que comanda as investigações da Operação Casa de Papel, seria “elemento negativo que em todos os sentidos que não pode continuar”. Questionada pelo IPA Online, a Secretaria de Estado de Segurança Pública confirmou que a reunião existiu, mas não informou o assunto tratado.

A Prefeitura de Sorocaba, após ser questionada pelo IPA Online, “informa que não possui nenhuma condição de manifestar qualquer posição sem ter acesso ao e-mail ao qual a reportagem se refere”.

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Reprodução

De acordo com o e-mail, intitulado “nomeação dos delegados Seccional e Regional de Sorocaba”, Crespo pretendia marcar uma reunião com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, General João Camilo Pires de Campos. Na mensagem, Crespo agradece a atenção do chefe da Assessoria Parlamentar da pasta, que teria “percebido a delicadeza da situação”.

No texto atribuído ao prefeito, ele já teria, antes do e-mail, comunicado tanto com o vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM), como com o governador João Dória (PSDB), antes de pedir, “formalmente, uma audiência com o Secretário General Campos”.

De acordo com a mensagem, o prefeito gostaria da audiência com o secretário para, segundo palavras escritas no e-mail, “esclarecer mais ainda a questão e apresentar argumentos e provas contra a manutenção do delegado seccional de Sorocaba, Dr. Marcelo Carriel, elemento negativo em todos os sentidos, que não pode continuar”.

O texto cita ainda o nome do delegado sorocabano Júlio Guebert e do secretário executivo da Polícia Civil, Youssef Abou Chahin, dizendo que teria conhecimento que eles estariam envolvidos “no esquema que tenta a manutenção das chefias em Sorocaba”, referindo-se aos chefes da polícia civil na cidade.

Coincidentemente, o IPA Online noticiou na quarta-feira (17) uma “corrida de última hora” feita pelo prefeito José Crespo (DEM) para procurar o Secretário de Segurança Pública de São Paulo, General João Camilo Pires de Campos, para uma conversa causou estranheza nos bastidores políticos de Sorocaba. Não há ainda comprovações de que a reunião tenha ligação com a mensagem de e-mail.

Segundo o apurado pelo Ipa Online, o democrata desmarcou parte de sua agenda prevista para o dia 17 para ir à capital reunir-se com o chefe da Pasta de Segurança. Apesar de o encontro ter ocorrido com o titular de uma das principais Pastas do governo do Estado, a reunião ocorreu aparentemente sem muito alarde e divulgação por parte da prefeitura. O teor da conversa é desconhecido.

Fontes internas da Pasta informaram ter visto o prefeito no local para uma reunião, aparentemente de emergência, com o General João Camilo. Ainda, o prefeito tinha intenções de conversar com o vice-governador Rodrigo Garcia, mas o encontro não foi confirmado.

Na data, a Prefeitura de Sorocaba respondeu ao IPA Online que “o Prefeito de Sorocaba, como faz regularmente, esteve reunido com diversas autoridades do governo do Estado para tratar de assuntos de interesse do Município nas mais diversas áreas, como: Segurança, Educação, Saúde, Cultura, Esportes e outros.”

O encontro aconteceu justamente um dia após o escândalo envolvendo um suposto esquema de corrupção que envolveria o prefeito e Tatiane Pólis, no qual ela receberia um salário de R$ 11 mil, mesmo atuando como voluntária para a prefeitura.

José Crespo foi citado em depoimento à Polícia Civil, dentro da operação “Casa de Papel”, pelo ex-secretário de Comunicação Eloy de Oliveira, que trabalhou para Crespo desde a campanha eleitoral. Segundo o ex-titular da Secom à polícia, todo o esquema de pagamento a Tatiane era feito por meio de uma empresa de publicidade que tem contrato com a prefeitura. O ‘salário’ ocorreria por determinação do prefeito.

Crespo consta também em um inquérito policial que investiga a atuação do voluntariado de Tatiane Pólis. O caso já está nas instâncias superiores da Justiça.

O caso da ex-assessora, se comprovada a influência em atos e ações do Executivo Municipal, é tipificada como crime no Código Penal Brasileiro, em seu artigo 328, como usurpação da função pública, ou seja, exercer ou praticar ato de uma função que não lhe é devida. A punição se dá quando alguém, indevidamente, utiliza uma função pública alheia, praticando algum ato ou vontade correspondente.

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