Nesta quinta-feira (18) é comemorado o Dia do Médico, data consagrada a São Lucas, que é considerado pelos católicos o padroeiro da profissão. Com a proximidade da ocasião ganham destaque os debates sobre as mudanças e os novos desafios da área médica, uma das mais importantes e antigas do mundo.
Dentre as questões em evidência atualmente pode-se destacar um novo comportamento dos pacientes, que, cada vez mais, buscam informações na internet com o intuito de interpretar sintomas e buscar soluções para problemas de saúde. A prática é desaconselhada e oferece riscos, como conta o Dr. Bernardo da Silveira, médico anestesista e especialista no tratamento da dor crônica da clínica Ápice Medicina Integrada. “Acredito que o ‘Dr. Google’ proporciona algumas coisas boas e muitas outras ruins. A maioria do conteúdo disponível torna tudo catastrófico, ou seja, transforma qualquer dor em uma doença grave. Também há casos em que ocorre o contrário. Os artigos apontam soluções simples para problemas complexos, gerando falsas expectativas ao paciente, que pode ter o quadro agravado caso tome atitudes equivocadas com base apenas no que viu na internet”, afirma o médico.
A parte positiva, diz Dr. Bernardo, é que existem canais confiáveis em que as pessoas podem encontrar conteúdo seguro e com base científica. “Sites de sociedades médicas, como a SBED (Sociedade Brasileira de Estudo da Dor), por exemplo, oferecem áreas muito interessantes, com rico conteúdo informativo voltado para o público leigo. Buscar informações em instituições do tipo reduz as chances de equívocos e sustos desnecessários”, aponta o médico, que complementa: “o melhor caminho ainda é o diálogo presencial com o médico, e também uma segunda opinião profissional, caso o paciente julgue necessário”.
Já o Prof. Dr. Luiz Angelo Vieira, ortopedista especialista em cirurgia da mão da clínica Ápice Medicina Integrada, acredita que falta rigor científico às publicações, o que é essencial quando se trata da divulgação de informações relacionadas à saúde. “Os artigos geralmente possuem pouca credibilidade, visto que qualquer pessoa pode escrever o que bem entender. Ao buscar por sintomas, como ‘dor de cabeça’ ou ‘febre’, surge uma infinidade de possíveis doenças, que vão desde um resfriado até uma grave infecção por meningite, o que pode acabar induzindo o paciente ao erro”.
A reumatologista da clínica Ápice Medicina Integrada, Dra. Melissa Nobrega, também encontra pontos positivos e negativos nas consultas ao “Dr. Google”. “É importante para o paciente que ele tenha total esclarecimento da patologia. Ao pesquisar na internet é possível que ele chegue ao consultório com perguntas específicas e esclareça melhor suas dúvidas. Outro benefício é que o paciente pode encontrar grupos virtuais de pessoas que sofrem do mesmo problema, e assim trocar experiências e informações. Entendo como ponto negativo, porém, quando o paciente entra em conflito com o médico ao confiar mais no que viu na internet do que na opinião do especialista que o examinou”.
Para a Dra. Ana Paula Ribeiro, médica com especialização em psiquiatria da Ápice Medicina Integrada, a informação equivocada pode prejudicar todo o tratamento. “Pacientes muito ansiosos podem achar que tudo o que está escrito na internet vai acontecer com eles, o que acaba prejudicando o tratamento. Outros têm mania de pesquisar sobre reações adversas dos medicamentos e encontram relatos que os assustam e com isso interrompem o uso dos remédios. É preciso esclarecer que a atuação dos medicamentos, assim como possíveis reações adversas, diferem de um organismo para outro”, exemplifica.
Por fim, a Dra. Marina Monteiro, ortopedista especialista em pé e tornozelo da Ápice Medicina Integrada, lembra que o hábito de pesquisar sobre saúde na internet é tão recorrente que o maior buscador do mundo fez uma parceria com renomados hospitais, a fim de disponibilizar ao público orientações mais precisas. “Iniciativas como essa são muito positivas, pois o conteúdo em destaque passa a ter o respaldo de profissionais capacitados. Isso é importante, pois há a preocupação em orientar o paciente a não praticar a automedicação e procurar sempre um médico especialista”, pontua.