O engenheiro e coronel José Carlos Carneiro, presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba (AEAS), participou do Jornal da Ipanema, da Rádio Ipanema, 91,1 FM, para falar a respeito da polêmica sobre o viaduto da Praça Lions, entre as avenidas Afonso Vergueiro e Dom Aguirre, que está com rachaduras na parte externa.
Carneiro considerou que poderia haver risco de desabamento caso haja carga pesada transitando por cima do pontilhão, na linha férrea.
De acordo com ele, de zero a 100, o risco de desabamento é “perto de zero”, porém ainda pode haver risco para o motorista. “No caso do viaduto, ele está exposto. É como se um camarada quebra a perna e a fratura está exposta. Se um caminhão simplesmente bater, ele vai continuar removendo o material [do pontilhão]. A ponte precisa ser restaurada por vários princípios – cada caminhão que bate arranca pedaço. Chega uma hora que vai desabar porque comprometeu a estrutura”.
“O estresse você verifica estaticamente. Tem uma coisa que acontece em todo viaduto. É a carga alternada. É que nem ficar virando o arame até ele quebrar. Chama-se fadiga. Dependendo do ciclo de uso, o viaduto tem uma vida-limite. Tem que fazer de tal forma que essa vida seja infinita”, explica.
Entretanto, para ele, a inspeção visual não é suficiente para diagnóstico. “Visualmente, você não consegue identificar problemas. Você precisa ter procedimento de inspeções técnicas”.
Ainda segundo ele, a responsabilidade é da prefeitura. No entanto, quem faria o reparo da mesmo a seria a empresa responsável pela obra. “Seria interessante reconstituir o pontilhão, mas não fazer condição radical de destruir tudo”, pontua.
Por fim, questionado se ele passaria por baixo do pontilhão com seu carro, ele respondeu que “passaria tranquilamente”.
O pontilhão
A Secretaria de Conservação, Serviços Públicos e Obras (Serpo), da Prefeitura de Sorocaba, emitiu, na tarde desta segunda-feira (28), laudo técnico sobre as condições de uso das estruturas de concreto armado do viaduto localizado na Praça Lions, cruzamento das avenidas Afonso Vergueiro e Dom Aguirre.
A conclusão é de que a estrutura do viaduto não corre risco de queda ou colapso iminente, desde que não haja tráfego pesado sobre ela, mas a Prefeitura notificou o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), órgão federal responsável pelo transporte terrestre no país, para que faça a interdição do viaduto no prazo máximo de cinco dias corridos. Essa providência não impedirá o tráfego de veículos embaixo do pontilhão e não representará risco aos motoristas e pedestres.
A vistoria foi feita durante a manhã pelos secretários da Serpo, Fábio Pilão, e de Segurança e Defesa Civil, Cel. Antonio Valdir, acompanhados pelo coordenador da Defesa Civil de Sorocaba, Alexandre Lima; pelo engenheiro da Serpo, Henrique Deliberali; e pelo vice-presidente da Associação Movimento de Preservação Ferroviário, Abílio Daniel Teles de Medeiros.
De acordo com o laudo, foram observadas armadura exposta e desplacamento parcial de concreto (desprendimento de fragmentos ao longo da superfície) na estrutura lateral inferior em uma das vigas, provocados pela ausência de manutenção periódica das estruturas. Observou-se que a mesma viga trabalha em sua parte superior com uma calha de captação de água pluvial, na qual tem alguns pontos de drenagem obstruídos.
O efeito é o acúmulo de água na viga calha – na camada superficial da estrutura – causando fissuramentos, desplacamentos de concreto, corrosão e exposição das armaduras. Colisões na camada superficial das estruturas também fizeram com que ocorressem desplacamentos das armaduras, expondo-as e acelerando o processo corrosivo. Também foi observado o impacto de veículos com altura acima do permitido no tráfego local.
A Prefeitura encaminhou ofício ao Dnit para que tenha ciência das condições do viaduto, já que o órgão é o responsável pela manutenção da estrutura. No documento, a Prefeitura estabelece prazo de cinco dias para que o Dnit faça a interdição do viaduto e solicita ao órgão que apresente um plano de manutenção corretiva das patologias observadas para poder liberar novamente o tráfego. O ofício seguiu com cópias para ciência da Votorantim Cimentos e da Rumo Logística, que são empresas usuárias do viaduto.