Cleomar Almeida, FOLHAPRESS
Uma criança de cinco anos de idade, portadora de Síndrome de Down, morreu na tarde de sexta-feira (29) no Hospital Materno Infantil, em Goiânia, no corredor da unidade enquanto aguardava vaga de internação em leito 11 horas após registrar entrada no hospital. A instituição, ligada ao governo estadual, instaurou investigação para apurar o caso.
Um vídeo feito no local mostra que, pouco antes de morrer, Diogo Soares Carlo Carmo estava tomando soro no colo da mãe, sentada em uma cadeira no corredor do pronto-socorro pediátrico. Em outra imagem, depois, familiares aparecem desesperados por causa da morte do menino. A mãe dele anda desorientada, aos prantos, inicialmente carregada por dois homens que estavam no local.
A criança morreu às 13h55 de sexta. O corpo dele foi enterrado no final da tarde, em um cemitério municipal de Goiânia. A causa da morte ainda não foi divulgada pelo SVO (Serviço de Verificação de Óbito), para onde o corpo foi encaminhado antes do sepultamento.
Segundo familiares, Diogo passou mal na segunda-feira (25). Os pais dele o levaram até o Centro de Atendimento Integral à Saúde de Campinas. Um dos tios da criança, Vinícius Alexandre do Carmo, disse que, inicialmente, a suspeita era de dengue. “Por isso, ele voltou para casa logo em seguida na segunda”, afirmou. “A mãe dele está inconformada. A morte de uma criança causa revolta na gente”.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia informou que Diogo foi atendido “com queixas de alergia e febre naquele dia”. “O exame de sangue estava normal. Ele recebeu atendimento e foi medicado de acordo com o quadro clínico que se apresentou no momento”, disse no texto o órgão municipal.
No entanto, o quadro de saúde da criança piorou durante a semana, o que fez a família dele levá-lo ao Hospital Materno Infantil na madrugada desta quinta-feira (28). A unidade de saúde do Estado registrou a entrada da criança às 3 horas da manhã. O caso dele foi classificado “como urgente, de gravidade moderada e sem risco imediato”, segundo nota da SES-GO (Secretaria Estadual de Saúde de Goiás). “Foi atendido por médico pediatra e iniciado os procedimentos terapêuticos e diagnósticos”, afirmou em outro trecho.
O hospital informou, também em nota, que encontra-se em superlotação constante, e, mesmo assim, segundo o texto, a criança foi atendida e permaneceu nas cadeiras com a mãe, recebendo o tratamento prescrito e aguardando vaga em leito. A unidade de saúde confirmou que o quadro da criança evoluiu com muita gravidade, não respondendo às manobras de ressuscitação na sala de reanimação.
Mesmo com todos os problemas, o hospital também informou que, no ano passado, tinha a meta contratada por gestão por organização social de 43.560 atendimentos de urgência e emergência e hoje atinge um total de 49.468 atendimentos, 14% acima do estabelecido em contrato de gestão compartilhada.
Conselheiros tutelares também instauraram procedimento para acompanhar a apuração do caso e denunciam que a unidade de saúde improvisa a internação de pacientes em cadeiras no corredor, como ocorreu com Diogo. “Não está tendo pediatra”, reclama o conselheiro tutelar Bruno Souza.