05 de Maio de 2024
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Consolidação da direita conservadora exibe novo cenário para o segundo turno

Foto: Senado Federal via Wikimedia Commons
Postado em: 04/10/2022

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Via JORNAL DA USP

 

Neste domingo, (2), mais de 156 milhões de brasileiros estavam aptos a votar para os cargos de Presidência da República, governadores dos Estados, senadores e deputados estaduais e federais. José Álvaro Moisés, professor de Ciência Política e pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Políticas Públicas da USP, avalia os resultados das apurações eleitorais: “Estamos diante de uma situação nova na política brasileira”.

 

O avanço da direita conservadora

 

O primeiro turno das eleições gerais brasileiras evidenciou a “consolidação da onda bolsonarista”. O Partido Liberal (PL), pelo qual concorre à reeleição o presidente da República, Jair Bolsonaro, garantiu a maior bancada na Câmara dos Deputados e no Senado para 2023. “Há a emergência de uma direita e de uma extrema-direita que antes tinha alguma vergonha de se expressar no Brasil e que agora está ocupando muito o seu próprio espaço e, de alguma maneira, marcando a política brasileira com uma nova inflexão”, analisa Moisés.

 

No Legislativo federal, nomes alinhados às visões da extrema-direita elegeram-se com a identificação de Bolsonaro. Damares Alves (Republicanos), Eduardo Pazuello (PL) e Ricardo Salles (PL) são alguns dos candidatos eleitos que fizeram parte dos Ministérios do presidente e que “tiveram um papel muito negativo na política brasileira, de um ponto de vista da democracia”, afirma o professor.

 

Para ele, a ascensão da direita conservadora se deu a partir das últimas eleições gerais, em 2018. As crises econômica, de emprego e de renda encerraram “um ciclo político que, em grande parte, estava organizado em termos da contraposição entre o PSDB e o PT”, explica. Moisés comenta que o Partido dos Trabalhadores não deu resposta às críticas na questão da corrupção, um tema central em 2018, “e levou à eleição do presidente Jair Bolsonaro”.

 

Perspectiva para o segundo turno

 

Os candidatos à Presidência “vão enfrentar um jogo novo”. O ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente vigente, Jair Bolsonaro, enfrentam-se na eleição mais polarizada desde a redemocratização. Sobre a declaração de Lula após a confirmação de segundo turno, o pesquisador adverte: “Eu não estou convencido com a ideia de prorrogação”. 

 

O professor sugere que o candidato do PT será capaz de vencer se dialogar com os eleitores da chamada “terceira via”, liderada por Simone Tebet e Ciro Gomes. Além de ampliar suas alianças, Lula deve “modernizar sua fala”, tendo em vista que ele se apoiou na imagem do passado. “Nesses últimos 20 anos, o Brasil mudou muito. Perdeu o protagonismo internacional, a economia está em frangalhos, a renda média dos brasileiros caiu, o desemprego está alto.”

 

Por sua vez, o presidente talvez tenha convencido uma parcela dos eleitores nos últimos meses: “Bolsonaro tomou algumas decisões que parecem ter sido desenhadas para enfrentar algumas dessas questões”. Para a reeleição, “ele teria que sair da sua bolha e se comunicar com o Brasil como um todo”, coloca o professor. 

 

Para ele, um dos recados dados pelos eleitores é que os candidatos não foram suficientemente claros nas suas propostas. “É preciso uma comunicação [dos candidatos] que seja capaz de superar os medos dos eleitores em relação às mudanças”, declara Moisés. Por outro lado, ele indica que, no segundo turno, as pessoas devem se renovar e avaliar os erros cometidos na votação.

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