24 de Abril de 2024
Informação e Credibilidade para Sorocaba e Região.

Com delta, é irresponsável manter planos de reabertura, dizem médicos

Foto: Zanone Fraissat/Folhapress
Postado em: 07/08/2021

Compartilhe esta notícia:

Isabela Palhares, Folhapress

 

A decisão de estados e municípios de manter os planos de reabertura das atividades econômicas, mesmo com o avanço da variante delta no país, é considerada por especialistas como imprudente e irresponsável.

 

Para os infectologistas, o Brasil ainda não tem controle da transmissão do vírus nem patamar seguro de pessoas vacinadas para flexibilizar as regras de distanciamento.

 

Na quarta (4), o governador João Doria (PSDB) anunciou que manterá o plano de retirar todas as restrições de funcionamento dos comércios e serviços a partir do dia 17 de agosto.

 

No Rio, o prefeito Eduardo Paes (PSD) chegou a anunciar um plano de flexibilização que incluía até quatro dias de festa. Nesta sexta (6), ele recuou. No entanto, a prefeitura carioca continua prometendo festa de Réveillon.

 

"É arriscado e precoce falar na retirada das restrições. Estamos vendo uma entrada importante da variante delta no país em um momento em que a maioria da população ainda não está com a imunização completa", diz Alberto Chebabo, vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).

 

O país tem menos de um terço da população adulta completamente vacinada. Dados da quinta-feira (5) mostram que 27,5% dos adultos receberam as duas doses ou imunizante de dose única.

 

Apesar de a vacinação ter avançado no Brasil nos últimos meses, 67,7% dos adultos ainda só receberam uma dose, ou seja, uma imunização parcial. Estudos científicos e os dados de outros países mostram que uma única dose de qualquer imunizante fornece pouca proteção contra a delta.

 

No Brasil, já há circulação comunitária da variante delta, que é mais transmissível e tem escape imune.

 

Ainda que os estudos indiquem a proteção somente após a aplicação das duas doses, os governos afirmam que a flexibilização das regras é possível diante do avanço da vacinação, mesmo que incompleta. Em São Paulo, por exemplo, a data para a retirada das restrições está prevista para um dia depois de todos os adultos do estado terem recebido uma dose.

 

"Quem só recebeu uma dose não está protegido. Estão planejando a reabertura com a maioria da população ainda sem proteção. Corremos o risco de ter uma onda pior do que a dos Estados Unidos e países da Europa, porque ainda não temos proteção vacinal para a maioria", diz o infectologista Renato Grinbaum, consultor da SBI.

 

Para o infectologista Hélio Bacha, o Brasil desperdiça a vantagem de estar num estágio anterior da pandemia em relação a outros países, o que permitiria adiantar medidas de contenção.

 

"Mais uma vez desperdiçamos a possibilidade de agir antes de a situação piorar. Estamos vendo o risco da liberação precipitada e dos riscos da variante delta, mas as autoridades ignoram o que está acontecendo."

 

Para os especialistas, o Brasil está vendo os efeitos positivos da vacinação, com a queda de internações e mortes, mas ainda tem alta taxa de transmissão. A média móvel de casos se encontra em queda, mas ainda é de 32.462 infecções registradas por dia.

 

"Não diria que as autoridades estão sendo otimistas em planejar a reabertura, mas, sim, irresponsáveis. Vivemos um momento epidemiológico complexo, e falar na retirada de restrições pode provocar mudança no comportamento social que depois vai ser difícil de retroceder", diz Bacha.

Compartilhe:

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Covid-19: Brasil tem 749 mortes registradas e bate recorde diário de contaminados

Votorantim confirma mais 72 casos de Covid-19

Policiais chamam Bolsonaro de traidor e ameaçam protestos pelo país

Pobres e negras estão na ponta da superexploração do tráfico de drogas

Conselheiro estadual da juventude busca retomar força política da categoria no município de Sorocaba

Prefeitura abre inscrição para nova etapa do Mutirão de Castração na região do Pq Vitória Régia