Por Vanderlei Testa
Antes da pandemia, as minhas manhãs de cada dia começavam às 7h no Mosteiro de São Bento, em Sorocaba. Dom Rocco ou dom Inácio celebravam a missa com uma espiritualidade marcante em palavras de fé e motivação para enfrentarmos os desafios de cada dia da vida.
Havia um pequeno grupo de amigos que compartilhava essa frequência de segunda a sexta-feira. Entre eles, o Paulo Canineu, José Carlos Felamingo, Fábio Lemes dos Santos, Antonio de Genaro e o Sergio Cury Maluf. Todos os dias, o Sergio, eu e o Felamingo ficávamos em gostosa conversa após a missa na praça do largo de São Bento.
Com a COVID-19 paramos de frequentar o Mosteiro, pois as missas foram suspensas com a presença das pessoas e mesmo retornando há o isolamento social aos “quarentões”. Com alguns dos amigos continuamos em conversa diária pelo WhatsApp , como foi o caso do Sergio Maluf. Nossas mensagens eram de amigos que se conhecem há pelo menos 45 anos, numa sintonia de irmandade.
Durante a pandemia, as palavras de nossa conversa seguiam com a confiança nos rumos do nosso isolamento social e precauções com a saúde.
No começo deste mês de agosto, o Sergio me passou uma mensagem que tinha feito uns exames com o cardiologista e que fez teste do coronavírus. Foi diagnosticado positivo e internado no hospital. Com os cuidados médicos, o Sergio se manteve em tratamento até o dia nove de agosto. Recebeu alta e para pegá-lo no hospital, seu filho Gabriel e a mãe Valéria foram buscá-lo. Era por volta das 13 horas do domingo, Dia dos Pais. Sergio, pai do Gabriel Lacava Maluf e Isabella Lacava Maluf.
A demora do Sergio em aparecer na recepção do hospital preocupava. Minutos depois vinha à notícia da parada cardíaca. A COVID venceu e o Sergio perdeu a vida. É triste para mais de mil famílias por dia ver seus entes queridos partirem desse jeito.
Os noticiários mostram mais de cento e cinco mil pessoas falecidas desde o início da pandemia no Brasil. Praticamente uma cidade como Votorantim desaparecendo com os seus moradores. É triste receber neste tempo de pandemia o aviso dos amigos e familiares contando da perda de alguém que conhecemos.
O Sergio foi mais um dos amigos que nos deixou inesperadamente. Seus saudosos pais, amigos de longa data, dona Nelly Cury Maluf e seu Fayad Maluf eram magníficos como seres generosos. Corações de pais amorosos criando seus filhos, Silvia Maluf Pontes, Sergio Cury Maluf e Sônia Cury Maluf Cozer.
Nossa amizade com os três irmãos nestas décadas foram solidificados pela fé. Aprendemos com eles a valorizar a vida e respeitar os desígnios do Criador. Só nos resta agora agradecer pelo tempo em que convivemos e ter a certeza da nova morada eterna em que o Sergio está com os seus pais.
Deixo aqui as últimas palavras do Sergio que me enviou em meu WhatsApp, no dia de ser internado: “Deus é maior”.
Vá em paz, amigo Sergio! Deus é maior.
Vanderlei Testa