Estelita Hass Carazzai, FOLHAPRESS
Candidato a vice de Jair Bolsonaro (PSL), o general Hamilton Mourão (PRTB) defendeu nesta quinta-feira (13) que o país faça uma nova Constituição, mais enxuta e focada em “princípios e valores imutáveis”, mas não necessariamente por meio de uma Assembleia Constituinte.
Para ele, o processo ideal envolveria uma comissão de notáveis, que depois submeteria o texto a um plebiscito, para aprovação popular. “Essa é a minha visão, a minha opinião”, disse, destacando que essa não é a proposta da candidatura, nem de Bolsonaro. “Uma Constituição não precisa ser feita por eleitos pelo povo.”
Mourão, que deu uma palestra a empresários em Curitiba, defendeu que a proposta não é antidemocrática, e disse que a atual Constituição deu início à crise pela qual passa o Brasil.
“Tudo virou matéria constitucional. A partir dela, surgiram inúmeras despesas. A conta está chegando, está caindo no nosso colo. Chegou o momento em que temos que tomar uma decisão a respeito”, afirmou.
Mourão, porém, reconheceu que a edição de uma nova Constituição é algo “muito difícil de se conseguir” nesse momento no Brasil. O general ainda rechaçou a possibilidade de intervenção militar no Brasil, e disse que a democracia precisa ser “afirmada como um valor fundamental do nosso país”. “Por pior que seja esse sistema, ele ainda é o melhor de todos”, declarou.
BOLSONARO
Mourão afirmou ainda que Bolsonaro é “insubstituível” e que não pretende assumir a cabeça de chapa da candidatura. “Não vou substituir. Temos plena certeza de que ele estará em condições de liderar esse processo”, declarou. “Ele é o homem das massas, o grande agitador. É ele que as pessoas vão eleger. Ninguém vai me eleger. Eu sou um apêndice.”
Mourão admitiu que a ausência de Bolsonaro nas ruas nesse momento da eleição prejudica a candidatura, mas afirmou que o político estará bem dentro de três semanas e que ele é “um líder para o país”. “Ele é destemido e conhece o que tem que ser feito”, disse.
VENEZUELANOS
O general defendeu que o Brasil acolha os venezuelanos que atravessam a fronteira, fugidos da crise política e econômica do regime do ditador Nicolás Maduro.
Ele chamou o movimento migratório de uma “diáspora, um êxodo dos nossos irmãos”. “Nós temos que acolhê-los; essa é a realidade”, disse.
O general fez críticas ao regime de Chávez, que disse ter se aproveitado de uma infiltração nas Forças Armadas para tomar o poder, e afirmou que “o Brasil jamais será uma Venezuela”. “Por uma razão muito simples: as nossas Forças Armadas não serão cooptadas”, afirmou, para os aplausos da plateia de aproximadamente 500 pessoas que o ouvia em Curitiba, no Instituto de Engenharia do Paraná.