Luciano Trindade, FOLHAPRESS
Na ausência da boa e velha água e sabão, o álcool em gel é o produto mais recomendado para a higienização das mãos. Por isso, o produto passou a ser uns dos itens mais procurados em supermercados de São Paulo.
Alguns estabelecimentos já registram aumento superior a 500% nas vendas do item neste mês, em que a OMS (Organização Mundial da Saúde), declarou a disseminação da Covid-19 como uma pandemia, por afetar vários países e continentes.
A Casa Santa Luzia, no Jardim Paulista, na zona sul de São Paulo, por exemplo, comercializou 5.627 unidades de álcool em gel nos dez primeiros dias de março. O número é mais de seis vezes o registrado em fevereiro, quando 910 itens foram vendidos.
"Hoje [sexta-feira, 13], nós estamos apenas com um tipo [de álcool em gel].Nós tínhamos uma remessa para receber hoje, mas os fornecedores mudaram para terça-feira [17]", afirma Ana Maria Sobral, diretora da loja.
De acordo com Lopes, papel higiênico, água mineral e carnes também tiveram um aumento de vendas nos últimos dias. "Entre ontem [quinta-feira, 12] e hoje, o movimento de clientes triplicou."
Para evitar filas e aglomerações, funcionários de departamentos administrativos foram deslocados para trabalhar no setor de vendas, orientando clientes na frente dos caixas.
Também foi possível notar o uso de máscara pela maioria dos clientes idosos que circulavam pelo local. Desde janeiro, quando ainda não havia nenhum caso de corona vírus registrado no Brasil, a procura pelo item fez o produto praticamente sumir das prateleiras.
A recomendação do Ministério da Saúde é a utilização de máscaras apenas por pessoas que apresentem sintomas, como tosse e coriza.
No supermercado Zaffari, em Perdizes, a situação era semelhante. As prateleiras de produtos de limpeza eram as que mais precisavam de reposições no horário de maior fluxo de clientes, entre 17h e 19h.
Segundo a gerente da loja, que preferiu não se identificar, nas últimas 48 horas, a busca por álcool em gel disparou."Em média, nós vendemos de 60 a 70 unidades por semana. Em dois dias, já vendemos mais de 2.000", afirma.
Para garantir a compra pelo maior número de clientes, o estabelecimento passou a limitar o número de unidades vendidas. Cada pessoa, por exemplo, só poderia comprar até cinco frascos de uma embalagem de 500 gramas comercializada a R$ 8,99.
Outra embalagem, de 400 gramas, de uma marca diferente, era vendida a R$ 15,90, limitada três unidades por pessoa. "Na semana passada, estava mais ou menos R$ 11", disse uma das operadoras de caixa.
Em nota divulgada nesta sexta-feira, a Apas (Associação Paulista de Supermercados) afirmou que houve aumento na frequência de pessoas nos estabelecimentos de varejo, mas não há registro, ainda, de desabastecimento.
"Toda a cadeia de abastecimento está operando com regularidade, indústria e transportes, o abastecimento está com fluxo normal", informa a entidade.
A Apas aponta, ainda, que os itens de higiene e limpeza estão entre os mais procurados. "Entre os produtos, há uma maior procura por itens de prevenção, como álcool em gel, porém toda a cadeia de abastecimento vem trabalhando para que os itens não faltem nas prateleiras."
No último dia 8, a Compre&Confie, instituição que monitora o comércio eletrônico, também apontou crescimento de 165% nas vendas de gel antisséptico em fevereiro na comparação com o mês anterior.