FOLHAPRESS
O Brasil fechou 2021 com a quarta maior inflação entre 44 economias destacadas pela OCDE e deve terminar 2022 entre as nove maiores taxas ao consumidor, segundo projeções e dados coletados pela instituição que reúne as economias mais relevantes do planeta.
O IPCA (índice oficial de inflação do país) de 10,06% foi superado apenas pelas taxas de Argentina (51% até novembro), Turquia (36% até dezembro) e Estônia (12,1% até dezembro) na seleção de países acompanhados pela instituição multilateral. Se fossem selecionadas as economias do G20, o Brasil estaria em terceiro lugar.
Considerando um conjunto mais amplo de países, o IPCA do ano passado ficou na 13ª posição entre as 71 economias que já divulgaram dados para dezembro de 2021, segundo coleta feita pela plataforma Trading Economics.
Se forem analisadas as taxas em 12 meses divulgadas até novembro ou dezembro por 147 economias, o IPCA fica no 28º lugar -5ª posição entre os países do continente americano.
A Venezuela, com inflação de 686,4%, lidera todos os rankings mundiais. Nas Américas, destacam-se ainda Suriname (63,3%) e Haiti (24,6%) -com dados acumulados em 12 meses até novembro- à frente do Brasil.
A inflação brasileira superou a de outras economias relevantes no continente, como Uruguai (8%), México (7,4%), Chile (7,2%) e Estados Unidos (7%) -esses com dados já fechados para 2021.
O índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos representa a maior taxa desde 1982. O Federal Reserve, o banco central do país, estima que a inflação alta pode durar até meados deste ano e já sinalizou que a instituição está pronta para tomar medidas se o aumento dos preços não arrefecer, como a esperada alta dos juros.
A disparada dos índices de preços no segundo ano de pandemia é explicada por diversos choques, de demanda e oferta, e está levando bancos centrais e governos a reduzir estímulos à recuperação econômica.
No Brasil, a expectativa é que o IPCA tenha atingido o pico em 12 meses em novembro (10,7%) e recue para cerca de 5% ao final de 2022.
Na carta divulgada na terça-feira (11) para explicar o estouro da meta de inflação no Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, atribuiu a inflação em 2021 a sucessivos choques de custos e enfatizou que se trata de um movimento observado também em outros países.
Ele destacou que, no Brasil, houve o efeito adicional da crise de energia. Afirmou também que, embora a contribuição da taxa de câmbio para a inflação tenha sido menor que em 2020, houve a quebra no padrão histórico de apreciação da moeda nacional durante ciclos de elevação nos preços das commodities exportadas pelo país. Dessa forma, o país foi duplamente afetado pela alta desses produtos.
Campos Neto afirmou que a tendência de depreciação cambial na segunda metade de 2021 refletiu, principalmente, questionamentos em relação ao futuro do arcabouço fiscal vigente. Nesse período, o governo alterou o teto de gastos para aumentar despesas.
No documento, o BC reitera que irá manter o ciclo de alta da taxa básica de juros, atualmente em 9,25% ao ano, para trazer a inflação à meta.