FOLHAPRESS
Ao menos até segunda-feira (24), a ponte do Jaguaré, no sentido Interlagos na marginal pinheiros (zona oeste da capital paulista), deverá permanecer interditada para trânsito de automóveis.
Esse foi o prazo apresentado pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) para conclusão da análise dos estragos provocados pelo incêndio de grandes proporções que atingiu a ponte na madrugada desta sexta (21).
“Até segunda-feira teremos a resposta se será possível liberar para carro ou não”, afirmou ele. Segundo o tucano, o local será liberado parcialmente para o trânsito debaixo da ponte e, sobre ela, somente para bicicletas e pedestres.
O fogo foi extinto no fim da manhã. Doze carros do Corpo de Bombeiros e 50 profissionais participaram da ocorrência. Não houve vítimas. Sob o viaduto havia tábuas de madeira de caixas que seriam utilizadas na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo).
De acordo com a gestão Bruno Covas uma empresa será contratada emergencialmente para realizar essa análise. A ponte, segundo ele, vinha sendo monitorada e, apesar de ter sofrido um incêndio parecido em 2017, não havia nenhum risco eminente de que poderia voltar a ocorrer nova problema naquele local.
A prefeitura informou ainda que foi oferecida a ajuda para cerca de 50 famílias que viviam no local. Além de abrigo emergencial, também seria oferecido aluguel social. Covas disse que algumas dessas famílias haviam manifestado desinteresse de receber um abrigo estatal.
No final da tarde, um grupo de moradores se reuniu no local para reclamar no suposto descaso municipal com o problema de moradia. Afirmavam eles que aguardavam uma solução por parte da prefeitura havia dois anos, mas, nada de concreto havia sido apresentado pelo município.
Por conta dessa situação, Covas cancelou uma vistoria no local que estava marcada para às 17h desta sexta e uma entrevista coletiva sob o viaduto. A entrevista foi transferida para sede da prefeitura. “Por uma questão de segurança a gente achou melhor transferir para cá”, admitiu o tucano. “Não havia clima nenhum para poder fazer ali.”
A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social disse à Folha que as 50 famílias que viviam sob a ponte do Jaguaré foram acolhidas no local pela rede socio assistencial. Ao todo, 215 pessoas foram atingidas.
De acordo com o órgão, ninguém pediu acolhimento em abrigos, todas se dirigiram para casas de parentes. Foram distribuídos 215 colchões, 215 cobertores, 76 cestas básicas e 66 kits higiene.
Em novembro de 2018, um viaduto a 500 m da Ponte do Jaguaré, cedeu cerca de 2 m. A via foi interditada sob risco de colapso. No mês seguinte, a Prefeitura admitiu, em nota, desconhecer o real estado de conservação das pontes e viadutos da cidade.
Após quatro meses de interdição para obras de recuperação, que custaram R$ 26,5 milhões, o viaduto na Marginal Pinheiros foi liberado com fissuras e vãos abertos. A prefeitura alegou foi possível liberar a via porque não havia danos estruturais na construção.
Além disso, em fevereiro, a prefeitura de São Paulo contratou empresas para inspecionar pelo menos oito viadutos da cidade. Isso porque em um único dia, 22 de fevereiro, duas pontes importantes da capital, a da Freguesia do Ó e a da Casa Verde, foram interditadas após inspeção. A prefeitura impôs sigilo às empresas contratadas.
Duas semanas depois, a Promotoria de Habitação e Urbanismo da cidade entrou com pedido na Justiça contra a prefeitura pedindo a restrição de trânsito de 14 pontes e viadutos paulistanos, alegando “graves riscos”. De acordo com o Ministério Público, pelo menos estes 14 viadutos, dos 16 vistoriados na ocasião, deveriam ser interditados.
Nos últimos dez anos, 169 pontes e viadutos da capital não receberam reparos. Apenas 16 vias das 185 passaram por consertos, sendo quatro emergenciais, realizados apenas após o viaduto da marginal ceder em 2018.