Talita Fernandes e Fábio Pupo, FOLHAPRESS
O ministro Paulo Guedes (Economia) pediu desculpas nesta quinta-feira (20) por ter dito que estava uma "festa danada" de domésticas indo para a Disney. Ao mesmo tempo, o ministro disse não ver problemas na referência e afirmou que quem tira suas declarações de contexto está "semeando a discórdia".
"Eu peço desculpas se tiver ofendido", disse o ministro durante cerimônia no Palácio do Planalto sobre oferta de crédito. Ele acrescentou não ver problema em fazer a referência.
"A mãe do meu pai foi empregada doméstica, qual o problema de fazer uma referência como essa?", questionou.
"[Eu estava] mostrando que os preços estão empurrando a população a direções equivocadas. O Brasil cheio de belezas naturais e as pessoas pensando em não viajar ao Nordeste porque estava 50% mais caro ir ao Nordeste do que ao exterior", disse.
Sem fazer menção direta à imprensa, ele disse que quem distorce sua fala quer semear discórdia.
"Quem tira de contexto o que nós falamos está semeando discórdia."
Guedes afirmou no dia 12 que dólar um pouco mais alto é bom para todo mundo. Ao mencionar períodos em que o real esteve mais valorizado, disse que empregada doméstica estava indo para a Disney, "uma festa danada".
"Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Vamos importar menos, fazer substituição de importações, turismo. [Era] todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para a Disneylândia, uma festa danada".
"Espera aí, vai passear em Foz do Iguaçu, vai passear no Nordeste, está cheio de praia bonita, vai para Cachoeiro do Itapemirim conhecer onde Roberto Carlos nasceu. Vai passear, conhecer o Brasil", afirmou.
Questionado sobre a fala de Guedes, Bolsonaro respondeu: "pergunta para quem falou isso, eu respondo pelos meus atos".
Nesta quinta, ele tentou corrigir a afirmação do dia 12 e disse que sua intenção era dizer que tem muita praia bonita no Nordeste e que os brasileiros optavam por viajar para o exterior.
Durante sua fala na cerimônia no Planalto, Guedes repetiu diversas vezes que o governo faz política econômica "para todos" e destacou que, em especial, para os mais humildes.
A declaração foi feita enquanto ele comentava do dólar, que tem se mantido acima de R$ 4.
Guedes voltou a dizer que, com os juros mais baixos, é natural que o câmbio fique mais elevado. "É absolutamente natural que o juro de equilíbrio desça e o câmbio de equilíbrio suba um pouco. Pode ser R$ 3,80, R$ 4, R$ 4,20. O câmbio é flutuante, mas o patamar é inquestionavelmente mais alto", disse.
Na quarta-feira (19), o dólar comercial encerrou a sessão em alta de 0,18%, a R$ 4,366 na venda, renovando seu recorde nominal (sem considerar a inflação) de fechamento.
Já nesta quinta (20), a cotação bateu inéditos R$ 4,40 durante o pregão. Ao fim da sessão, a moeda perdeu força e fechou em alta de 0,61%, cotada a R$ 4,3920, também recorde -o terceiro seguido.