Igor Gielow, FOLHAPRESS
A reprovação ao governo de Jair Bolsonaro (PL) seguiu estável do fim de maio até agora, aponta pesquisa do Datafolha. Ele se mantém como o presidente eleito pior avaliado a essa altura do mandato desde a redemocratização.
Segundo o instituto, que ouviu 2.556 pessoas em 22 e 23 de junho e trabalha com margem de erro de dois pontos, Bolsonaro tem sua gestão rejeitada por 47%. Eram 48% em 25 e 26 de maio, na rodada anterior.
Aqueles que o acham regular oscilaram de 27% para 26% no período, enquanto quem o aprova com a avaliação de que faz um governo ótimo ou bom foram de 25% para 26%.
Ante a sucessão de problemas e crises pelas quais o governo passa, o resultado quase pode ser comemorado no Planalto. No período, Bolsonaro aumentou o tom de sua campanha golpista contra o sistema eleitoral, declarou guerra à Petrobras devido ao aumento do preço dos combustíveis e seu impacto na inflação e viu um indigenista e um repórter serem mortos na Amazônia.
Para completar, no dia em que as equipes do Datafolha foram às ruas, no governo foi colhido por um escândalo de corrupção: o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi preso numa investigação sobre desvios envolvendo pastores, como ele, na sua gestão.
Isso dito, os números não são nada bons para o presidente. A rejeição à administração acompanha aquela registrada pelo pré-candidato a ficar no posto: 55% dizem que não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro.
Na série histórica de seu governo, sua maior rejeição como governante foi de 53%, registrada em dezembro passado. Depois disso, caiu para o patamar atual e ficou, em três levantamentos seguidos. Sua aprovação máxima havia sido na virada do primeiro ano da pandemia, 2020, sob efeitos do auxílio emergencial da crise sanitária: 37% de ótimo/bom.
Entre os presidentes eleitos para o primeiro mandato que chegaram a 3 anos e 6 meses de governo desde a eleição de 1989, a primeira após a ditadura (1964-85), Bolsonaro é o que colhe os piores números. Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tinha 31% de aprovação e 25% de reprovação em junho de 1998; Luiz Inácio Lula da Silva (PT), rival de Bolsonaro em outubro, tinha 38% e 21%, respectivamente, em junho de 2006.
E Dilma Rousseff (PT) marcava 35% de ótimo/bom ante 26% de ruim/péssimo em junho de 2014. Todos os três antecessores conseguiram se reeleger. Hoje, Bolsonaro tem 28% das intenções de voto, segundo o Datafolha, ante 47% de Lula.
Reprovam mais o governo os nordestinos, as mulheres e os mais pobres, espelhando o perfil de rejeição a Bolsonaro entre o eleitorado.
A margem de erro da pesquisa, contratada pela Folha de S.Paulo e registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número 09088/2022, é de dois pontos para mais ou menos.