Rogério Pagnan, FOLHAPRESS
O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), deve anunciar a troca do comando das polícias civil e militar do estado. A mudança tem como justificativa uma tentativa de implementar novas medidas de combate ao crime.
Na PM, no lugar do coronel Fernando Alencar Medeiros, assume Ronaldo Miguel Vieira, coronel que estava à frente do Batalhão de Choque. Antes ele já passou pela cavalaria e pelo comando da força tática da zona sul (que inclui a região do Capão Redondo), além de ter atuado na área central de São Paulo.
A expectativa é que Alencar vá para reserva com a mudança.
A decisão ocorre no mesmo dia em que o governo paulista atualizou os dados oficiais de criminalidade de estado. Os novos números mostraram um aumento em grande parte dos crimes patrimoniais na comparação com o mesmo período de 2021–mas ainda abaixo dos níveis de 2019, pré-pandemia de Covid.
Já para a Polícia Civil, será anunciado Osvaldo Nico Gonçalves, delegado que dirige o Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas), conhecido por participar de ações midiáticas. Foi ele, por exemplo, que efetuou a prisão do zagueiro argentino Desábato durante jogo do Morumbi, em 2005, em caso de racismo contra o jogador Grafite, do São Paulo.
Também foi o responsável pela prisão em Atibaia (SP) de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro e amigo do presidente Jair Bolsonaro (PL), e também da detenção de Gabigol, jogador do Flamengo flagrado em um cassino clandestino na zona oeste da capital paulista.
O atual delegado-geral, Ruy Ferraz Fontes, vai substituir o próprio Nico no comando do Dope.
Rodrigo vai destacar em seu anúncio de troca que os novos chefes são de tropas especiais das polícias e, por isso, devem colocar em prática ações de combate à criminalidade já na próxima semana.
O secretário de Segurança Pública, o general da reserva João Camilo Pires de Campos, deve permanecer no cargo, assim como os secretários executivos Álvaro Camilo (PM) e Youssef Abou Chahin (Civil).
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o novo delegado-geral disse que imediatamente vai começar a planejar ações para tentar reduzir a criminalidade. "Acabamos de ser convidado do Rodrigo. O Ronaldo e eu, dois policiais operacionais, que gostam de rua", disse ele.
"Quero mudar o policiamento ostensivo especializado e investigação para prender esses assaltantes, principalmente de Pix, esses falsos entregadores. Ninguém aguenta mais isso", completou.
Desde que assumiu o comando do estado, no início de abril, o novo governador já vinha afirmando a aliados que planejava fazer mudanças na polícia, em uma tentativa de "chacoalhar" o setor da segurança.