Por Vanderlei Testa
Quando conclui o curso ginasial não havia muitas opções no mercado de trabalho. Uma delas me chamava à atenção, pois tinha conhecimento através das leituras e de algumas aulas no colégio sobre o estudo da química industrial.
Aquelas imagens de laboratório farmacêutico e dos profissionais com avental branco fascinava este jovem de seus 18 anos na década de 60, recém-saído do Curso Ferroviário. Uma das exigências de pai funcionário da Estrada de Ferro Sorocabana era levar seu filho para a mesma empresa estatal.
Foi assim que durante oito horas por dia, quatro nos bancos escolares e mais quatro nas oficinas praticando a profissão até a formatura de mecânico ajustador, é que iniciei minha trajetória na EFS ao qual me orgulho de relembrar. À noite, com os poucos recursos financeiros que tinha, seguia para a Organização Sorocabana de Ensino- OSE, para estudar o Curso Técnico de Química Industrial. Mais três anos e o diploma de Químico estava conquistado, com direito ao registro profissional no Conselho Regional de Química.
Uma vitória e uma promoção na mesma Estrada de Ferro, com direito a uma vaga no laboratório. E o sonho do avental branco mexendo nos tubos e equipamentos de análises se tornava realidade. Assim que aprendi uma fórmula que nunca esqueci. Nome complicado: “fenil dimetil pirazolon metilamino metan sulfonato de sódio” e, que na verdade, era a composição da Novalgina. A memória humana quando exercitada nunca esquece.
Passando das recordações dessa fase de vida para a comunicação iniciada em 1974, após a formatura da faculdade, com o primeiro jornal que editei e imprimi nas rotativas do Jornal Cruzeiro do Sul e, que tenho guardado até hoje, chego agora à Rádio.
Conto isso para homenagear aqui nesta semana um ousado radialista da cidade de Tietê. José Rubens Bismara conquistou sua emissora Cacique na vizinha localidade de Piedade. Era uma espécie de “franquia” da original rádio do litoral paulista que iria se expandir pelo Brasil. Bismara acabou por trazer a Cacique para Sorocaba e levantou voo como locutor e radialista proprietário.
Recordo também com o mesmo mérito, outro amigo inesquecível em Sorocaba com a Rádio Vanguarda: Salomão Pavlovsky. Como na química, onde as fórmulas resultam em um produto final para a saúde das pessoas, a rádio tem esse poder de criar relacionamentos, transmitir mensagens e músicas que aliviam sofrimentos e dão paz aos ouvintes. Substituem os “novalginas” para dores de cabeça depois de um dia agitado no trabalho.
A rádio é um calmante ao espírito estressado. Os saudosos José Rubens e Salomão entendiam disso como ninguém. Souberam dosar adequadamente as combinações de suas programações com oportunidades a muitos jovens radialistas e jornalistas sorocabanos, verdadeiros “químicos da comunicação”.
E neste começo de abril, relembro de um mais um ícone da imprensa em nossa cidade que faria aniversário em 1º de abril. O amigo Rui Batista de Albuquerque. Deixou saudades e uma história viva registrada em simples formulações de sabedoria através da humildade de suas ações, como também o fez Benedicto Pagliato ao criar a Rádio Ipanema em um momento histórico em que trabalhei com ele no marketing do Grupo Pagliato.
Essas são as “Gotas Preciosas”, da minha existência e como químico, diria que é “Peumus Boldus Molina”, composição desse fitoterápico, com nome comercial igual as minhas gotas preciosas das reminiscências do passado as quais encerro com os cumprimentos neste dia 1º de abril pela comemoração dos 80 anos de vida do amigo Alberto Batista Ferreira – “Lolô”, ao lado da sua amada Aurita Mendes e familiares.
Vanderlei Testa é jornalista e publicitário
@artigosdovanderleitesta