Em 2023, foram mais de 48 mil ocorrências em SP; Fehosp disponibiliza material de orientação para instituições filantrópicas
As altas temperaturas favorecem o aparecimento de escorpiões, o que pode resultar em acidentes envolvendo picada por esses animais. Em Votorantim, por exemplo, uma menina de seis anos está internada desde o dia 28 de janeiro, após ser picada enquanto dormia. Além da criança, um menino de 12 anos, que mora na mesma rua, também foi picado, recebeu atendimento médico e foi liberado.
Segundo a Secretaria estadual de Saúde, em 2023 o estado registrou 48.205 acidentes causados por picada de escorpião, além de sete mortes. Já em 2024, até 16 de janeiro, de acordo com a Divisão de Zoonoses do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), foram registrados 317 casos.
No atendimento às vítimas, cada minuto é valioso e os profissionais de saúde devem estar preparados para atender a essas situações. Por isso, a Fehosp (Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo) dispõe de E-book, em parceria com a Secretaria estadual de Saúde, para orientar as instituições da rede filantrópica para atendimento a essas ocorrências, já que elas são responsáveis por mais de 50% das demandas totais do SUS (Sistema Único de Saúde) e os únicos equipamentos de saúde em muitos municípios.
O material é voltado a gestores de saúde, Unidades Básicas de Saúde, hospitais, Pronto Atendimentos (PA’s), profissionais de saúde, lideranças de atendimento ao usuário, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Departamentos Regionais de Saúde (DRS) e Conselho dos Secretários Municipais de São Paulo (COSEMS).
Crianças
As crianças são vítimas preocupantes, uma vez que nesse público o risco de óbito é maior. “As crianças pequenas, quando picadas, choram muito, mas não sabem explicar o que aconteceu, que foram picadas e muito menos qual foi o animal. Os pais ou responsáveis só suspeitam quando encontram o animal no local onde a criança está ou quando há outros acidentes com escorpião na família”, fala o diretor-presidente da Fehosp, Edson Rogatti. “Em caso de suspeita, as crianças devem ser encaminhadas rapidamente para um ponto estratégico ou unidade centro de referência que ofereça o soro antiescorpiônico”, completa. No link https://cievs.saude.sp.gov.br/soro/ é possível encontrar os pontos de distribuição de soro.
Os sintomas variam de acordo com a quantidade do veneno e a massa corporal do paciente. Em crianças, ocorrerá inicialmente choro intenso e abrupto, e, dependendo da idade, a identificação do local da dor (normalmente dedos das mãos e pés).
O local da picada poderá (porém, nem sempre) apresentar inchaço e vermelhidão. Posteriormente, há evolução de quadro clínico para sudorese (suor), sonolência (criança fica letárgica) com alternância de agitação (devido à dor intensa).
Passado mais algum tempo, iniciam-se alguns vômitos, que vão se intensificando ao longo do tempo com aumento dos batimentos cardíacos e da respiração. O vômito mostra a necessidade de que se administre o soro antiescorpiônico o quanto antes na criança.
“Pediatras também podem fazer parte dessa campanha, orientando profissionais de saúde a desconfiarem de picada de escorpião e encaminharem as crianças de forma correta e ágil para as unidades de referência”, ressalta Rogatti. “Quanto mais esclarecimentos, tanto para a população, quanto para os profissionais de saúde, mais vidas podem ser salvas”, conclui.