Pesquisa desenvolvida na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP buscou identificar as fontes de esgotamento entre professores da rede municipal de ensino na cidade de São Paulo. Foram entrevistados 93 profissionais que já tinham indicação de psicoterapia e procuraram o ambulatório de saúde mental no Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM), entre os anos de 2013 e 2014. Dos professores que apresentaram esgotamento grave, 60% sofreram agressão física ou verbal na escola. “Isso chama atenção porque o problema da violência está muito disseminado”, aponta ao Jornal da USP a doutoranda em Saúde Pública, Elaine Cristina Simões, autora do estudo.
As violências sofridas eram físicas e verbais, sendo a segunda principalmente ameaças e constrangimentos no exercício das funções escolares. “As agressões que não são físicas são fatores importantes quando pensamos no cotidiano de convívio com alunos e pais que ameaçam e desrespeitam. O dia a dia fica muito angustiante e cansativo, levando ao desenvolvimento de defesas e afastamento emocional, característicos do esgotamento”, comenta.
Além da violência, foram identificadas outras 12 variáveis que estavam relacionadas ao esgotamento profissional. As que mais se destacaram foram: ruído em sala de aula, o incômodo com alunos e o sentimento de que não participam de decisões importantes tomadas na instituição em que trabalham. O problema de ruídos em sala de aula e o incômodo com alunos atingiram, respectivamente, cerca de 87% e 70% dos profissionais que apresentaram esgotamento.
As outras variáveis encontradas foram: incômodo com pais, falta de realização profissional, falta de apoio de colegas, ruídos na escola, excesso de burocracia, acústica não aceitável, sobrecarga, elevado número de alunos e falta de apoio da coordenação.
A pesquisa foi desenvolvida com orientação da professora Maria Regina Alves Cardoso, da FSP. Os dados foram publicados no artigo Violência contra professores da rede pública e esgotamento profissional.