Matheus Teixeira, FOLHAPRESS
Apesar da resistência de parte da base aliada na Câmara, o presidente Jair Bolsonaro (PL) insiste na instalação de uma CPI para investigar a Petrobras e os aumentos no combustível adotados pela estatal.
O chefe do Executivo afirmou a apoiadores nesta segunda-feira (20) que é favorável a apurar a conduta de dirigentes da empresa petrolífera, mesmo tendo sido ele mesmo o responsável por indicá-los ao cargo.
"Eu estou acertando uma CPI na Petrobras. "Ah, você que indicou o presidente". Sim, mas quero CPI, ué, por que não? Investiga o cara, pô. Se não der em nada, tudo bem. Mas os preços da Petrobras são um abuso", disse em conversa com simpatizantes publicada em um canal bolsonarista na internet.
Pouco antes, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), havia afirmado que o líder do PL, partido do mandatário, está recolhendo assinatura para tentar abrir uma comissão parlamentar de inquérito para investigar a Petrobras.
Lira também cobrou do governo federal e do Ministério da Economia que se envolvam mais diretamente nas discussões. Pediu, por exemplo, que o governo resolva algumas questões infraconstitucionais por meio de medidas provisórias, que têm aplicação imediata, em vez de aguardar a tramitação de projetos de lei.
"Há o sentimento quase que unânime, se não quiser dizer unânime, por parte de todos os líderes que participaram dessa reunião, que o Ministério da Economia, o governo federal tem que se envolver diretamente nessas discussões, participar mais de perto dessas discussões e atuar mais de perto nessas discussões", afirmou.
O pedido de Bolsonaro para instauração de uma CPI ocorreu logo após a Petrobras anunciar mais um reajuste nos preços da gasolina e do diesel, na semana passada.
Na última sexta-feira, o chefe do Executivo anunciou que iria propor a instalação da comissão sobre o caso.
"Conversei agora há pouco com o Arthur Lira (PP-AL), ele está neste momento reunido com líderes partidários. A ideia nossa é propor uma CPI para investigarmos o presidente da Petrobras [José Mauro Ferreira Coelho], os seus diretores e também o conselho administrativo e fiscal", declarou Bolsonaro, durante entrevista a uma rede no Rio Grande do Norte.
Nesta segunda-feira (20), José Mauro Coelho renunciou à presidência da Petrobras. A renúncia arrefeceu o clima para instalação da CPI, mas não foi suficiente e o presidente segue com a ideia de investigar Coelho e outros dirigentes da estatal.