Daniel Carvalho, FOLHAPRESS
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (2) que foi uma "covardia" a maneira como a médica Nise Yamaguchi foi interrogada um dia antes na CPI da Covid do Senado.
Defensora do uso da hidroxicloroquina contra Covid-19, medicamento sem eficácia comprovada, e de outras teses polêmicas com relação à pandemia, Nise foi interrompida diversas vezes na comissão e acusada de não ter conhecimento para discutir tratamento da doença.
Nise é oncologista, imunologista, possui doutorado em pneumologia e compareceu como convidada à CPI.
"Vocês viram o que a CPI fez com a Nise Yamaguchi ontem? Isso é uma covardia, covardia", disse Bolsonaro a apoiadores na manhã desta quarta. "Agora, quando vai lá gente suspeita, eles tratam muito bem, até defendem", afirmou.
De um lado na CPI, parlamentares alegaram a necessidade de evitar que a médica propagasse desinformações. De outro, houve acusação de excessos. A comissão é formada apenas por homens, entre membros titulares e suplentes.
Na semana passada, Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde, também protagonizou momentos de tensão na CPI. Nesta quarta, Bolsonaro chegou a afirmar que Mayra ingressou com uma ação "contra eles", mas sem dar mais detalhes.
Na terça-feira (1º), logo após o depoimento de Nise Yamaguchi, Bolsonaro já havia chamado o episódio de covardia. Na mesma interação com apoiadores, porém, insultou uma jornalista.
Nesta quarta, além de defender a médica, Bolsonaro voltou a atacar o presidente e o relator da CPI da Covid, os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL), respectivamente.
"A CPI dos patifões, o presidente e o relator, que já falaram que não vão apurar desvios de recursos", afirmou Bolsonaro. "Quem conhece quem é Omar Aziz, quem é Renan Calheiros, não precisa falar mais nada", disse aos apoiadores.