Julia Chaib, Daniel Carvalho, FOLHAPRESS
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (28) que a investigação da Polícia Federal sobre a facada que ele recebeu durante a campanha eleitoral em 2018 foi negligenciada e que ela será reaberta pela corporação.
A declaração foi dada a apoiadores na frente do Palácio da Alvorada. No momento, ainda há uma apuração da PF sobre a facada em andamento. A investigação, que busca mostrar a existência de eventuais mandantes, comparsas ou financiadores do atentado, até o momento descartou essa hipótese.
No primeiro inquérito sobre o episódio, a PF concluiu que Adélio Bispo, que esfaqueou o então candidato em Juiz de Fora (MG), agiu sozinho e sofre de transtornos mentais. O autor foi declarado inimputável e cumpre medida de segurança na penitenciária federal de Campo Grande (MS).
"Vai ser reaberta a investigação. Vai fazer a investigação. Foi negligenciado. A conclusão foi o "lobo solitário". Como é que pode o "lobo solitário" com três advogados, com quatro celulares, inclusive andando pelo Brasil?", disse Bolsonaro a uma apoiadora que o questionou sobre o assunto.
O presidente insiste que a polícia siga investigando para saber se havia um mandante por trás do ataque. Ele já havia falado sobre esse desejo na sexta-feira (24), durante o discurso que fez após a demissão do ministro Sergio Moro (Justiça).
"Eu entendo que o meu caso é 200 vezes mais fácil de solucionar do que o da [vereadora] Marielle [Franco]. O meu tem o assassino e tem uma série de indícios E quase ele teve sucesso. Eu fui salvo por milímetros", disse a apoiadores.
Em seguida, em entrevista a jornalistas, Bolsonaro disse que poderá sugerir à PF que reabra a investigação sobre o caso. "Eu não tenho provas pessoalmente. Eu tenho é sentimentos, sugestão para dar para a Polícia Federal", disse.
"Eu acho prudente sim, e não quero forçar nada, zero. Mas tem que ser aprofundado isso aí. Meu Deus do céu! Se fosse uma tentativa de assassinato de alguém da esquerda, estava até hoje alguém buzinando", acrescentou o presidente.
"Por que é que eu passei a ser um elemento descartável, diferente dos outros? Eu acho que quem é sério no país quer saber quem é que está por trás dessa tentativa de assassinato", continuou.
Apesar de admitir a interferência ao pedir que a polícia siga investigando o assunto, Bolsonaro disse que o órgão é independente. "A Polícia Federal tem que ser independente. Não só do presidente, como do ministro", afirmou.