Na reta final para definição das candidaturas, com o início o prazo das convenções partidárias no último sábado (20), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) faz acenos aos governadores que o apoiaram nas eleições presidenciais de 2022 e consolida alianças nas capitais.
Dos 13 governadores que endossaram Bolsonaro no segundo turno da última eleição presidencial, ao menos 6 estarão no mesmo palanque do ex-presidente. Em cinco capitais, a tendência é de embate entre aliados dos governadores e candidatos do PL. O cenário segue indefinido em outras duas.
Dentre os que vão dividir o palanque com Bolsonaro estão Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ratinho Junior (PSD-PR), ambos potenciais candidatos à Presidência em 2026 o ex-presidente está inelegível até 2030 após condenações pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Outros dois possíveis presidenciáveis os governadores Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Romeu Zema (Novo-MG) vão apoiar nomes de seus partidos nas capitais no embate com adversários do PL.
Bolsonaro marchará unido com os governadores nas cidades de São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Rio Branco, Florianópolis e Campo Grande. O PL chegou a lançar candidatura própria nestas seis capitais, mas recuou em quatro em nome de uma estratégia de pragmatismo.
A decisão passa pela busca de unidade da direita com foco na eleição presidencial de 2026 e também na busca de apoio político diante do cenário adverso que o ex-presidente enfrenta no Judiciário.
Os movimentos mais recentes aconteceram em Curitiba e Campo Grande, com a consolidação de acordos que irritaram parte da ala raiz do bolsonarismo.
Na capital de Mato Grosso do Sul, o PL desistiu da candidatura própria e anunciou apoio ao deputado federal Beto Pereira (PSDB). A aliança com os tucanos, contudo, não foi bem recebida pelos bolsonaristas alguns deles foram adversários do atual governador Eduardo Riedel (PSDB).
A articulação foi costurada pelo diretório nacional do PL e gerou insatisfações na base. O deputado federal Marcos Pollon (PL), que defendia uma candidatura própria do partido, foi destituído do comando do diretório estadual sem uma conversa prévia. Procurado, ele preferiu não se manifestar.
A parceria com o PSDB também frustrou a senadora Teresa Cristina (PP), que foi ministra da Agricultura de Bolsonaro e se tornou uma de suas aliadas mais próximas. Ela trabalhava pelo endosso do PL à prefeita Adriane Lopes (PP).
A aliança em Curitiba também foi fechada em meio a resistências da base. O vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), candidato apoiado pelo governador, é visto com reserva pelos bolsonaristas mais radicais por ser um nome ligado às oligarquias locais.
Também há um histórico de embates entre bolsonaristas e o atual prefeito Rafael Greca (PSD), que encerra seu segundo mandato consecutivo.
Na semana passada, Greca elogiou o ex-governador de São Paulo João Doria, por se opor às "trevas do mal e da morte que desvalorizavam a vida", citando a expressão "gripezinha" e criticando as políticas contra a Covid-19 do governo Bolsonaro.
Mesmo com as tensões, a tendência é de confirmação da aliança com a indicação de um nome do PL como candidato a vice-prefeito.
Em São Paulo, onde o PL chegou a lançar a pré-candidatura do deputado federal Ricardo Salles, o partido vai selar a aliança com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), com as bênçãos de Tarcísio e Bolsonaro.
Há um temor, contudo, que parte da base endosse a candidatura de Pablo Marçal (PRTB), que tenta se colocar na disputa como um representante legítimo da direita em contraposição a Nunes.
No caso de Florianópolis, a parceria com o prefeito Topazio Neto (PSD) foi feita sem traumas. O PL deve indicar o candidato a vice com o apoio do governador Jorginho Mello.
Em outras quatro capitais, Bolsonaro e governadores aliados devem ficar em palanques distintos. Mas os caciques do PL minimizam as divergências e avaliam que pode haver alianças no segundo turno, em caso de embates com candidatos de esquerda.
"É natural, nem sempre você consegue compor com todos os aliados. Mas estar em um palanque diferente não significa estar em um lado diferente", avalia o deputado federal Altineu Cortês, líder do PL na Câmara dos Deputados.
Em Belo Horizonte, as conversas entre os partidos da base do governador Romeu Zema (Novo) devem e estender até o prazo final das convenções, em 5 de agosto. Ao todo, cinco legendas aliadas têm pré-candidatos à prefeitura.
Caso o cenário não mude, a tendência é de uma espécie de pacto de não agressão entre o deputado estadual Bruno Engler (PL), aliado de Bolsonaro, e Luisa Barreto (Novo), que era secretária na gestão Zema.
Em Goiás, os interesses locais não convergem. O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) articulou uma aliança ampla para empresário e ex-deputado Sandro Mabel (União Brasil) em Goiânia. O PL, que mira a eleição ao governo em 2026, vai concorrer com deputado estadual Fred Rodrigues.
Já em Manaus, o governador Wilson Lima (União Brasil) se esforçou para unificar as candidaturas do deputado estadual Roberto Cidade (União Brasil) e o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL), mas até o momento não obteve sucesso. O candidato do PL tem o respaldo de Bolsonaro e se mantém no páreo.
Cuiabá, por sua vez, promete ter uma disputa acirrada entre o deputado federal Abílio Brunini (PL) e o deputado estadual Eduardo Botelho (União Brasil), aliado do governador Mauro Mendes (União Brasil).
Duas capitais seguem com cenário indefinido: Palmas e Porto Velho. Na capital do Tocantins, a deputada estadual Janad Valcari (PL) desponta como favorita, mas o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) ainda não sinalizou quem será o seu candidato na cidade.
Em Porto Velho, quem não se definiu foi o PL, que pode ter candidato próprio ou apoiar o deputado federal Leo Moraes (Podemos) ou a ex-deputada Mariana Carvalho (União Brasil). Esta última será apoiada pelo governador de Rondônia, Marcos Rocha.