Desde o dia 23 de maio, um filhote macho de lontra está sob os cuidados especiais da equipe técnica do Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, com mamadeira na hora certa e muito carinho. A estimativa é que o bebê da espécie, que comemora seu dia mundial nesta quarta-feira (27), tem entre duas e três semanas de vida, pois seus olhos ainda estão fechados. Ele pesa hoje 470 gramas e possui 40 centímetros, medindo do focinho até a ponta da cauda.
“Esse é um dos trabalhos realizados pela equipe do zoo e que muitas pessoas desconhecem. E, apesar de não ser função do zoológico, pela ausência de um órgão responsável em nossa região, atuamos com animais feridos ou com risco de morte e filhotes, que por algum motivo ficaram órfãos e necessitam de cuidados especiais. Assim cumprimos uma das principais funções do zoo, que é a preservação das espécies”, destaca o secretário do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Sema), Maurício Tavares da Mota.
De acordo com a bióloga Cecília Pessutti, o animal foi levado ao zoo de Sorocaba por uma família que avistou o filhote vocalizando na região da Vila Amato na beira d’água, enquanto fazia uma caminhada. Os moradores não interferiram até que na manhã do dia seguinte, passando novamente pelo local, viram que o filhote estava lá, porém muito parado e sem fazer barulho. Eles então decidiram intervir e notaram que o filhote estava frio e quase morto, quando então o pegaram, aqueceram e alimentaram o animal, que voltou a ficar ativo.
No dia 22 de maio, um biólogo, que já participou na infância de um antigo curso de férias do zoo, sabendo do assunto, explicou a família que eles deveriam entregar a lontra ao zoológico, pois o filhote era muito pequeno e necessitaria de cuidados especiais, além de ser ilegal manter espécie silvestre, e entrou em contato com a equipe do “Quinzinho de Barros”. Após uma conversa com funcionários do zoo, a família decidiu levar o filhotinho ao parque.
Assim que a lontrinha chegou ao zoo, a equipe técnica deu início aos cuidados intensivos com ele. “Ele recebe leite de gato a cada duas horas e o seu peso é registrado diariamente”, conta a bióloga Cecília. Para aquecer, ele foi colocado numa caixa com colchão térmico e fica coberto com um cobertor e lã.
Dia Mundial da Lontra
Em todo o mundo existem 13 espécies diferentes de lontras, sendo que duas delas ocorrem no Brasil: a lontra brasileira (Lontra longicaudis) e a ariranha (Pteronura brasiliensis), que também é conhecida como lontra gigante. A lontra e a ariranha são espécies que originalmente tem o bioma Mata Atlântica como área de ocorrência. No entanto, no caso da ariranha, é possível que atualmente apenas poucos indivíduos vivam em áreas de Mata Atlântica.
Ambas possuem hábitos semiaquáticos e dependem dos rios e lagos brasileiros para viverem. A ariranha é endêmica do Brasil, ou seja, em todo o mundo, ele só existe no nosso país. Infelizmente, ela está ameaçada de extinção.
Mas os problemas que ameaçam as ariranhas também prejudicam as lontras e não apenas a espécie brasileira. Dentre as ameaças estão a poluição dos rios, a construção de barragens, a caça ilegal e os atropelamentos. Diante de tantas ameaças e com o objetivo de ajudar a conservar todas as espécies de lontra, a última quarta-feira do mês de maio foi escolhida como Dia Mundial da Lontra.