Bernardo Caram, FOLHAPRESS
Depois de cancelar as férias que havia marcado para o fim deste ano, o ministro Paulo Guedes (Economia) decidiu novamente sair para um período de descanso, que terá duração de duas semanas.
A autorização concedida pelo presidente Jair Bolsonaro foi publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira (28). As férias do ministro serão iniciadas imediatamente, com encerramento no dia 8 de janeiro.
No início do mês, o Diário Oficial informou que Guedes sairia de férias a partir de 18 de dezembro. No dia 19, no entanto, a decisão foi revogada.
Além das férias Guedes, o DO informa o período de descanso do ministro da Justiça, André Mendonça, de 23 a 31 de dezembro, e do ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), entre 4 e 11 de janeiro. Nesta segunda, Bolsonaro viajará para o Guarujá, onde passará a virada do ano, com previsão de retorno até o domingo (3).
Após o cancelamento anterior, o Ministério da Economia afirmou não haver motivo específico para a interrupção e informou que o ministro havia decidido seguir trabalhando em Brasília na semana do Natal.
De acordo com auxiliares do ministro, a decisão inicial pelas férias a partir do dia 18 havia sido tomada porque ele acreditava que os trabalhos do Congresso neste ano seriam encerrados.
O recuo teria ocorrido porque os parlamentares seguiram com votações em plenário. Na terça-feira (22), por exemplo, a Câmara aprovou a medida que libera mais recursos para o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), que oferece crédito como forma de socorro a pequenos negócios. No mesmo dia, os deputados aprovaram o texto-base do projeto que faz alterações no mercado cambial brasileiro.
Para justificar o período de descanso, o ministro disse a interlocutores que não tirou nenhum dia de férias desde a eleição do presidente Jair Bolsonaro em outubro de 2018. O ministro, que tem 71 anos, argumentou que trabalha de domingo a domingo com jornadas que superam 12 horas por dia.
Ao retornar do descanso, Guedes terá de lidar com a paralisia da agenda econômica. Propostas tidas como prioritárias para o governo não avançaram no fim do ano e devem ficar apenas para fevereiro.
O pacotaço fiscal para controlar despesas públicas foi colocado na geladeira. Sem as medidas de ajuste, o governo começa o ano que vem sem espaço significativo no Orçamento para aumentar de forma relevante o tamanho de programas sociais.
O ministro encontrará ainda pendente a votação do próprio Orçamento de 2021, que está previsto somente para o ano que vem. Enquanto o texto não for aprovado, o governo tem autorização para gastar mensalmente 1/12 avos do previsto para o ano.
A reforma administrativa, que revê gastos com servidores, também não andou desde que foi enviada ao Congresso no começo de setembro.
Paralelamente à paralisia da agenda, o governo assiste ao aumento dos casos do coronavírus e aumento do risco de fechamento de atividades por parte de governadores e prefeitos.