Rafael Balago, da Folhapress, com IPA Online
O faturamento de aplicativos de transporte sob demanda, como Uber e 99, já é quase o mesmo das empresas de ônibus municipais de São José dos Campos (SP), segundo o prefeito Felício Ramuth (PSDB). Os apps Uber e 99, únicos que operam na cidade, faturam juntos cerca de R$ 14 milhões por mês. Os ônibus urbanos, cuja frota tem 390 veículos, arrecadam mensalmente R$ 15 milhões em tarifas.
“A tendência é que os aplicativos ultrapassem o total faturado pelas empresas de transporte público coletivo até o fim do ano”, estima Ramuth.
Assim como em Sorocaba, São José dos Campos, com 713 mil moradores, aumenta o uso dos apps, enquanto diminui a procura pelo transporte público. Desde meados de 2017, o uso dos aplicativo aumentou quatro vezes naquela cidade. Neste mesmo período, os ônibus perderam entre 12% e 15% das viagens.
Ao contrário de Sorocaba, a prefeitura de São José dos Campos não dá subsídio aos ônibus: todo o custo é coberto pela arrecadação de tarifas, que naquela cidade custam, no passe social, R$ 4,20 (R$ 0,20 mais barato que em Sorocaba). Sorocaba, porém, segundo informações divulgadas pela Urbes, tem previsão para este ano de que serão consumidos R$ 79,7 milhões em subsídios ao transporte, mesmo com a tarifa mais cara.
Para tentar atrair mais passageiros, a prefeitura planeja a criação de um corredor de ônibus, similar ao BRT Sorocabano, e também irá modelar as regras da nova licitação do transporte público para abrir espaço a inovações, como o transporte por vans chamado por aplicativo. Os novos contratos devem entrar em vigor em 2021.
Segundo o prefeito Ramuth, a maior parte dos clientes de aplicativos não usava antes os ônibus nem os táxis. Uma parcela deles trocou a rede pública por carros sob demanda, mas outros fatores pesaram mais para a perda de passageiros, como as altas na tarifa e o desemprego. Na cidade, 60% das viagens de ônibus são pagas com vale transporte.
São José cobra uma taxa de 1% sobre as corridas de aplicativos. As empresas de transporte público são isentas de impostos municipais.
“O dinheiro arrecadado dos aplicativos vai para um fundo voltado para a mobilidade, mas é insuficiente para compensar os gastos do sistema de ônibus”, diz Ramuth.