Um jovem de 26 anos, de Eritreia (África), foi atacado a tiros, nesta semana, na cidade de Wächtersbach, no centro da Alemanha. O atirador, que estava num carro, abriu fogo no meio da rua contra a vítima e fugiu do local. A polícia suspeita que o ataque tenha motivação xenófoba.
A polícia encontrou o corpo do suspeito do crime dentro de um carro na cidade vizinha de Biebergemünd. Ele atirou contra a própria cabeça e morreu no hospital.
“Estamos trabalhando com a hipótese de xenofobia”, afirmou o promotor de Frankfurt, Alexander Badle. Ele disse ainda que a vítima foi aparentemente escolhida pela cor da pele e de maneira aleatória. Badle informou que o jovem foi operado e seu estado de saúde é estável.
Segundo autoridades, a busca na casa do atirador, um alemão de 55 anos, confirmou as suspeitas de que o ataque teve motivação racista. A polícia encontrou no local uma carta de despedida fazendo referência ao crime, além de três armas de fogo. Outras duas armas estavam no carro do suspeito.
Investigadores notaram ainda que o ataque em Wächtersbach ocorreu na data do aniversário (22) dos atentados em Oslo e Utoya, na Noruega, que deixaram 77 mortos em 2011. O crime foi cometido pelo extremista de direita Anders Breivik. “Se houver uma correlação com Breivik será um aspecto interessante para nós”, disse Badle.
Extrema direita
Apesar das indicações da motivação racista do crime, o promotor sublinhou que não há evidências de que o suspeito tivesse contatos na cena de extrema direita, porém, destacou que as investigações ainda estão no início.
O prefeito de Biebergemünd, Manfred Weber, disse que o suspeito estava vivendo na região há dois anos e era discreto. “Ele vivia uma vida retirada”, acrescentou.
Segundo o site da emissora de televisão hr, a posição extremista de direita do suspeito era conhecida pelos seus vizinhos. Pouco antes do ataque, ele teria ainda anunciado num bar local que iria atirar em um refugiado.
O incidente ocorreu perto de Kassel, onde o político conservador Walter Lübcke foi assassinado no início de junho. O assassinato chamou a atenção para o extremismo de direita na Alemanha nas últimas semanas. O principal suspeito do crime, identificado como Stephan E., era conhecido por ter ligações com uma rede neonazista internacional.
Wächtersbach realizou na noite desta terça-feira uma vigília como protesto contra a violência de extrema direita. Em comunicado, o prefeito convidou os moradores da cidade a enviar um sinal contra a violência racista e a pensar na vítima e seus familiares.
A comissária do governo alemão para migração, refugiados e integração, Annette Widmann-Mauz, condenou o ataque. “No meio da Alemanha, alguém atira em um homem da Eritreia. Do discurso de ódio vem a violência, do ódio vem a morte. Não podemos e não devemos tolerar isso! Por essa razão: nenhuma relativização e sim uma ação consistente contra o racismo e o extremismo de direita”, escreveu em sua conta no Twitter. (Agência Brasil)